Mandragora é um Dark Souls 2D definitivo
Game combina elementos dos gêneros metroidvania e soulslike com bastante eficiência
maio 5, 2025 - 10:42 am

Imagem: Divulgação/Knights Peak
“Mandragora: Whispers of the Witch Tree” é o novo título da Primal Game Studio, publicado pela Knights Peak, que possui características de metroidvania (nome dado para jogos que combinam elementos de “Metroid” com “Castlevania”), mas que também dispõe de aspectos do gênero soulslike, característicos da franquia “Dark Souls”. O LeiaJá teve a oportunidade de testar o game em sua versão de PS5.
Vale destacar que a combinação de metroidvania com soulslike não é algo inédito e o mesmo já foi visto em títulos renomados da indústria, como “Hollow Knight” (2017), “Salt and Sanctuary” (2016), “Blasphemous” (2019) e outros. No entanto, “Mandragora: Whispers of the Witch Tree” consegue realizar essa mistura de maneira homogênea e entregar o que tem de melhor em ambos os gêneros, mesmo com alguns pequenos deslizes.
Enredo
Uma crítica que é bastante presente nos jogos soulslike (em especial os desenvolvidos pela FromSoftware), é a maneira confusa como suas narrativas são conduzidas, que muitas vezes passa despercebida pelo jogador. Este não é o caso de “Mandragora: Whispers of the Witch Tree”, já que aqui existe uma descrição clara dos fatos e diversos diálogos que ajudam a entender todo o universo do game.
Muito disso é mérito do escritor de jogos americano Brian Mitsoda, conhecido por seu trabalho em “Vampire: The Masquerade – Bloodlines” (2004) e que conseguiu driblar um dos principais “problemas” de um souslike. A história se passa no mundo de Faelduum, uma terra onde a magia é proibida e a população é governada por um rei ditador. Diante disso, o jogador assumirá o controle do Inquisidor, um servo do rei que poderá ou não desobedecer a lei. Felizmente todos os textos estão localizados no idioma português brasileiro.
Contudo, mesmo com a clareza da narrativa, é importante destacar que o seu ritmo é bastante lento e demora para engrenar. Logo no começo o jogador poderá ficar perdido com a imensa quantidade de diálogos e personagens secundários que pouco acrescentam à trama. Apenas com um pouco de paciência a história começa a apresentar algumas reviravoltas que conseguem prender a atenção.
Exploração
Conforme mencionado, “Mandragora: Whispers of the Witch Tree” se trata de um game de RPG de ação, com estrutura de exploração semelhante aos metroidvania, mas com um sistema de punição que remete aos soulslike. Embora tenha gráficos em 3D, sua câmera mantém um aspecto em 2D, ou seja, só é possível se mover para esquerda ou para direita.
O jogador precisará vasculhar diversos cantos do mapa para conseguir progredir na história e, durante o trajeto, encontrará inúmeros obstáculos que exigirão que outras rotas sejam tomadas. Durante a exploração, novas habilidades serão adquiridas, como por exemplo, poder quebrar determinados pisos com um impacto poderoso ou escalar alguns locais com um arpéu.
Além disso, é possível realizar inúmeras missões secundárias que recompensam o jogador com itens úteis para a aventura, como ferramentas para abrir baús, matérias primas para melhorar os equipamentos, medicamentos ou até mesmo novas armas. Mas a principal recompensa fica por conta da experiência (EXP) adquirida, que permitirá que o personagem suba de nível e fique mais forte.
Como um bom metroidvania moderno, o mapa de “Mandragora: Whispers of the Witch Tree” é bem desenhado e conta com detalhes importantes que ajudam na navegação, como áreas separadas por cores diferentes, portas que foram abertas ou que estão trancadas, além dos pontos de save, onde o jogador pode subir de nível, aprimorar suas habilidades e também se teletransportar entre eles.
Uma das críticas fica por conta do acesso burocrático ao mapa, já que é necessário ir ao menu e navegar por todas as suas abas até chegar nele. Por se tratar de um metroidvania, o mapa é um dos elementos primordiais do jogo, ao qual o jogador terá que acessar constantemente e, em outros jogos, ele normalmente está disponível com um simples apertar de botão.
Outro ponto que pode causar um certo incômodo durante a jornada, é o reaproveitamento constante de alguns chefes. Um deles é um rato gigantesco, que aparece em diversos pontos do mapa, apenas com uma pequena variação de força e um ou outro status alterado, de resto, a luta é exatamente a mesma.
Jogabilidade
No que diz respeito ao controle do personagem, a dinâmica é muito parecida com as vistas nos jogos da FromSoftware. O jogador poderá atacar os inimigos, pular e se esquivar, mas essas ações consumirão uma barra verde de stamina (resistência), o que torna o combate mais cadenciado e faz com que cada movimento seja pensado de forma estratégica. Isso também dificulta a vida dos que simplesmente gostam de esmagar os botões do joystick.
Outras habilidades consumirão mana (energia), representada por uma barra azul e são mais voltadas para as classes que usam magias. Por sinal, o game dispõe de seis classes: Vanguarda, Celestial, Vigilante Selvagem, Sombra-da-Noite, Arcanista do Caos e Agente das Chamas, cada uma com sua característica e estilo de gameplay, mas assim como acontece em “Dark Souls”, é possível escolher uma das categorias e alterar ela por completo ao longo da jornada.
Ao subir de level, o jogador ganhará um ponto de experiência que poderá ser distribuído em sua árvore de habilidades. A princípio, apenas uma árvore estará disponível, mas ao alcançar o level 25, outras ramificações ficarão acessíveis, o que aumentará as possibilidades de personalização da classe.
O sistema de punição que caracteriza a maioria dos souslike também marca presença em “Mandragora: Whispers of the Witch Tree”. Se o jogador for morto, todo o EXP acumulado será deixado no local da derrota, o personagem retornará para o último ponto de save e ele terá uma única chance de recuperá-lo. Caso morra novamente, toda a pontuação será perdida para sempre.
No começo da jornada, o jogador terá acesso a duas poções que permitem regenerar a vida e que são restauradas sempre que o personagem morre ou descansa em um ponto de save. Porém, é possível aumentar essa quantidade caso o jogador encontre outros frascos de cristais distribuídos pelo mapa e os entregue para uma NPC específica, que é liberada após a conclusão de uma sidequest. De maneira geral, toda essa mecânica é idêntica à vista na maioria dos soulslike.
Algo que pode causar estranhamento é o mapeamento padrão dos botões, que é diferente do habitual. A esquiva, por exemplo, é feita no botão R2 (ou RT em controles de Xbox). Felizmente é possível configurar os botões ao gosto do jogador.
Mas, o principal problema dos botões está relacionado ao R1 (ou RB no Xbox) isso porque em “Mandragora: Whispers of the Witch Tree”, esse botão serve tanto para correr quanto para interagir com NPCs, portas e outros objetos; o que pode gerar conflitos em diversas situações, já que muitas vezes o jogador precisará fazer uma das coisas e o que irá acontecer será outra totalmente diferente.
Por mais que seja possível realizar a alteração no mapeamento dos controles, não deixa de ser um incômodo ter que lidar com algo que já deveria vir pronto. Não chega a prejudicar a experiência total, mas poderia ter sido melhor implementado durante o desenvolvimento.
Vale a pena?
Mesmo com pequenos deslizes, “Mandragora: Whispers of the Witch Tree” é a melhor definição do que seria “Dark Souls”, mas com um aspecto 2D. O título traz um bom nível de desafio e pode garantir cerca de 40 horas de gameplay, mas esse tempo pode variar de acordo com o nível de exploração de cada jogador. Este game está disponível para PS5 por R$199,50; Xbox Series X/S por R$189,95; e PC por R$121,99.
*Colaboração de Alfredo Carvalho para o LeiaJá