Nikoderiko mistura Donkey Kong com Crash Bandicoot

Jogo gira em torno dos mangustos Niko e Luna, que devem livrar uma ilha das garras do Barão Grimbald

Nikoderiko mistura Donkey Kong com Crash Bandicoot

Imagem: Divulgação/Knights Peak

Os jogos de plataformas possuem uma importância significativa para a indústria dos videogames e até hoje ocupam seu merecido espaço, seja pela nostalgia que envolve este tipo de game ou pela qualidade que continua presente nos novos títulos do gênero. Um dos maiores destaques de 2024, fica por conta de “Nikoderiko: The Magical World”, lançado pelo estúdio Knights Peak e que tem como principal referência as consagradas franquias “Donkey Kong” e “Crash Bandicoot”. O LeiaJá teve a oportunidade de testar o jogo na versão de PS5.

Ao observar o game como um todo, fica bem clara a admiração que os desenvolvedores possuem pelas franquias já citadas, o que torna essa uma homenagem genuína ao gênero de plataforma. Mas, é importante destacar que muito além de resgatar esses elementos, “Nikoderiko” também traz algumas melhorias significativas, que foram pontos agravantes nos últimos “Donkey Kong” ou em “Crash Bandicoot 4: It’s About Time” (2020).

História simples e funcional

Assim como já é de costume neste estilo de jogo, o enredo não é o principal foco e funciona apenas como um plano de fundo para o gameplay. O jogador assume o controle de Niko e Luna, dois mangustos, que devem livrar uma ilha misteriosa do domínio do vilão Barão Grimbald. Além disso, os heróis também vão coletar todos os tesouros que aparecerão pelo caminho.

Toda a jornada é acompanhada por uma trilha sonora que será familiar para muitos jogadores, já que o título contou com a presença do músico David Wise, conhecido por suas composições na franquia “Donkey Kong Country” e “Battletoads”. Por conta disso, cada melodia traz aquela temática de vida selvagem, que combina sons ambiente com ritmos animados.

A essência dos jogos de plataforma

Tanto Niko quanto Luna jogam exatamente iguais e é possível alternar entre eles a qualquer momento no mapa mundo. Os mangustos possuem dois tipos principais de ataques, que podem ser utilizados de acordo com o tipo do inimigo. Alguns podem ser atingidos com o tradicional salto sobre a cabeça, que é algo proveniente dos títulos da saga “Super Mario”. No entanto, alguns se protegem com capacetes de espinhos e, para estes casos, a melhor escolha é utilizar o slide (uma rasteira).

O personagem também pode destruir algumas superfícies ou finalizar determinados adversários com um salto de grande impacto, onde o jogador deve apertar os botões para baixo e quadrado enquanto estiver no ar para que o mangusto desça com força total. Semelhante ao movimento visto em “Crash Bandicoot”, onde o personagem dava uma barrigada no chão para destruir tudo o que estivesse abaixo dele.

As semelhanças com “Crash Bandicoot” não param por aí, pois quando Niko ou Luna estão dentro da água, eles atacam seus inimigos com uma girada em formato de furacão, tal como o famoso marsupial faz em seus jogos. Outra característica, é que o título alterna entre momentos de progressão lateral, onde é possível ver a tela em um formato horizontal e controlar o personagem somente para esquerda ou direita; assim como ele também dispõe de momentos com a câmera linear em terceira pessoa, podendo movimentar o protagonista para direita, esquerda, cima ou baixo.  

Enquanto “Crash Bandicoot” se utiliza mais da câmera linear em terceira pessoa, com alguns momentos de progressão lateral, “Nikoderiko: The Magical World” faz o contrário, e mantém a perspectiva horizontal na maior parte do tempo.

Além de “Crash Bandicoot”, os fãs também poderão identificar inúmeros elementos de “Donkey Kong” na aventura de Niko e Luna, como por exemplo, a possibilidade de poder segurar barris para arremessar nos inimigos ou destruir paredes para revelar passagens secretas. Outro ponto semelhante, é que ao longo de cada fase, o jogador pode coletar as quatro letras que compõem a palavra “NIKO”. No famoso jogo dos gorilas, era possível formar a palavra “DONK”.

Para completar os 100% de cada cenário, é necessário formar a palavra “NIKO”, encontrar uma gema colorida (elemento que também está presente em “Crash Bandicoot”) e coletar duas chaves, que estão sempre escondidas em passagens secretas e vão exigir que o jogador finalize um pequeno desafio em um tempo determinado (tal como os mini games de “Donkey Kong”).

Acertou onde suas inspirações erraram

Embora as referências de “Nikoderiko: The Magical World” sejam claras, é válido destacar que o título consegue ser certeiro em alguns pontos que seus mestres deixaram a desejar nos últimos lançamentos.

“Crash Bandicoot 4: It’s About Time” por exemplo, traz uma dificuldade exagerada e uma jornada que se estende além do necessário, o que pode gerar o cansaço e a frustração de muitos jogadores. “Nikoderiko” por outro lado, reúne um padrão de sete mundos, com um nível de desafio equilibrado; que é o suficiente para garantir uma experiência satisfatória para o jogador e não transformar o momento de diversão em raiva.

Outro detalhe visto no título da Knights Peak, é que ao longo da jornada, Niko e Luna contarão com a ajuda de diversos outros animais, que podem ser usados como montarias e são úteis em diferentes momentos. Isso é uma característica que vem da trilogia “Donkey Kong Country” mas que foi pouco explorada nos dois últimos jogos da saga, que é o “Returns” (2010) e “Tropical Freeze” (2014).

Nem tudo são flores

Apesar do imenso repertório de acertos, “Nikoderiko: The Magical World” comete alguns deslizes que merecem ser mencionados. O primeiro deles é a ausência de um botão que informa o progresso total da fase, como a quantidade de letras, chaves ou gemas coletadas. Desta maneira, só é possível ver esses dados no mapa mundo. Não é algo que compromete a experiência como um todo, mas deixa o processo de completar a porcentagem máxima mais burocrático.

A jornada para alcançar os 100% também se torna menos interessante, a partir do momento que ela está ligada a um sistema de sorte. No mapa mundo, o jogador pode trocar as moedas coletadas ao longo das fases por figuras de ação dos personagens ou por elementos de cenários, contudo, não é possível escolher o item exato a ser trocado, pois o jogo faz isso randomicamente, semelhante ao sistema de loot box. Pelo menos nada disso interfere no gameplay e se trata apenas da parte cosmética do jogo.

Ao longo dos testes, também foi possível constatar bugs na parte de progressão, como por exemplo, não registrar algumas das letras “NIKO”, mesmo após ela ter sido coletada. Na ocasião, foi necessário retornar na fase e capturar a letra uma segunda vez.

Vale a pena?

“Nikoderiko: The Magical World” é uma homenagem sincera e genuína aos jogos de plataforma, que tem como principal referência dois titãs do gênero. Com um gameplay sólido e um desafio equilibrado, o game é uma escolha válida tanto para os fãs de “Donkey Kong” e “Crash Bandicoot”, como também pode ser indicado para os novatos neste estilo. O jogo está disponível para PS4 e PS5 por R$159,90; e Nintendo Switch, Xbox One e Xbox Series X/S por R$125. A versão de PC está prometida para a próxima quinta-feira (5), mas o preço ainda não foi divulgado.

*Colaboração de Alfredo Carvalho para o LeiaJá