Nova coletânea da Capcom reúne clássicos dos anos 90

Pacote inclui jogos como “X-Men vs. Street Fighter”, “Marvel Super Heroes vs. Street Fighter” e “Marvel vs. Capcom 2: New Age of Heroes”; lançados originalmente para os fliperamas

Nova coletânea da Capcom reúne clássicos dos anos 90

Imagem: Divulgação/Capcom

O pacote “Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics” foi lançado pela desenvolvedora e publicadora japonesa, Capcom, em 11 de setembro e reúne jogos que marcaram o currículo da empresa nos anos 90, principalmente por colocar os personagens consagrados da empresa para trocarem socos e chutes com os super-heróis da Marvel. Mas muito além que um simples fanservice (termo utilizado para definir elementos que não oferecem acréscimos significativos para a obra, mas que visam agradar uma base de fãs), estes títulos ajudaram a definir padrões significativos para os games de luta com sistema de equipe.

Em uma época onde a Capcom ainda colhia os frutos do recém lançado “Street Fighter 2” (1991), que foi responsável por mudar para sempre o cenário dos jogos de luta no mundo; a empresa adquiriu a licença para produzir games com os icônicos personagens da Marvel. Títulos como “X-Men: Mutant Apocalypse” (1994) e “Marvel Super Heroes: War of the Gems” (1996), ambos do Super Nintendo, caíram no gosto do público e mostram que a Capcom era capacitada o suficiente para lidar com estes super-heróis.

No entanto, foi nas máquinas de arcade (conhecidas aqui no Brasil como fliperamas), que foram lançados os principais jogos desta parceria e são estes títulos que marcam presença em “Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics”. O LeiaJá teve a oportunidade de testar a coletânea na versão de PS4, que também pode ser executada em um PS5 por conta da função de retrocompatibilidade.

O que vem na coletânea

Todos os títulos do pacote estão organizados de maneira cronológica, para que o usuário possa acompanhar passo a passo a evolução de cada um dos jogos. O primeiro deles é “X-Men: Children of the Atom” (1994), que conta com seis heróis da clássica equipe, entre eles, Cyclops, Wolverine e Tempestade; e os vilões Omega Red, Silver Samurai, Espiral e Sentinela. Este foi o primeiro game da Marvel licenciado pela Capcom, sendo responsável por pavimentar o caminho para uma franquia de sucesso.

O segundo título presente na coletânea é o “Marvel Super Heroes” (1996), que amplia o leque de heróis e traz personagens jogáveis como Capitão América, Homem de Ferro, Homem-Aranha, Incrível Hulk e outros. Outro diferencial deste game fica por conta das Joias do Infinito, que podem ser coletadas durante o combate e servem para amplificar os atributos de cada um dos combatentes, como força, velocidade e defesa. Ao final será preciso enfrentar o vilão Thanos, que terá acesso a todas as seis joias de uma vez.

Após a publicação destes dois games, a Capcom decidiu aproveitar o material que havia sido produzido em “X-Men: Children of the Atom”, “Marvel Super Heroes” e também na franquia “Street Fighter Alpha”, para criar o inusitado crossover (termo utilizado para se referir a choque de universos) “X-Men vs. Street Fighter” (1996), que agradou tanto os fãs da equipe de super-heróis quanto os amantes de “Street Fighter”. Por conta da boa receptividade, não demorou muito para que também fosse lançado o “Marvel Super Heroes vs. Street Fighter” (1997). Ambos os títulos marcam presença nesta coletânea.

A coleção também conta com “Marvel vs. Capcom: Clash of Super Heroes” (1998) e “Marvel vs. Capcom 2: New Age of Heroes” (2000), que traz um elenco composto por super-heróis e vilões da Marvel; e personagens de franquias famosas da Capcom, como Mega Man, Strider e Capitão Comando. Vale ressaltar que o segundo título oferece um elenco de 57 lutadores, o que inclui os vistos em todos os títulos anteriores e mais alguns novos. O game também se diferencia por permitir montar equipes de três personagens, aos quais poderiam ser alternados a qualquer momento durante o combate.

Uma característica presente em todos esses jogos, é que eles possuem cenários vastos, que podiam sofrer com alterações durante o combate, como por exemplo, o chão da cidade que é destruído e ambos os lutadores são obrigados a continuar o duelo nos esgotos; ou um tanque de combustível que explode e deixa todo o local incendiado. Além disso, as magias são gigantes e, em alguns casos, ocupam todo o espaço da tela.

Esta coletânea também inclui o game “The Punisher”, um beat ’em up (briga de rua) que embora não combine com os títulos anteriores, não deixa de ser uma adição bem vinda ao pacote. O jogador pode escolher entre o anti-herói Justiceiro e o agente Nick Fury, que devem assassinar o vilão Wilson Fisk, também conhecido como o Rei do Crime.

Como estão os jogos

Cada um dos jogos desta coleção é apresentado com o máximo de fidelidade, para que o jogador possa ter uma experiência semelhante às vistas nos fliperamas dos anos 90. Na versão de PS4 os jogos possuem uma taxa de quadro estável, que garante uma experiência fluida e livre de travamentos. A novidade fica por conta do modo online, que veio integrado com o protocolo rollback netcode, conhecido pela sua excelente performance e por diminuir significativamente qualquer tipo de atraso causado pela conexão de internet.   

Por meio do menu, é possível escolher filtros que podem suavizar os gráficos ou simular efeitos de scan line, que marcavam presença em monitores antigos. Outra possibilidade é a de ajustar o formato da tela, que pode ser mantida no original 4:3, com bordas ao redor; ou em 16:9, que estica a imagem para que ela ocupe todo o espaço do monitor.

Outra característica que pode agradar tanto os veteranos quanto os novatos, é que é possível configurar os games para que os créditos sejam infinitos ou manuais. No primeiro caso, o jogador não sofrerá punições ao ser derrotado e poderá começar um novo combate imediatamente. Já no modo manual, será preciso pressionar um botão para inserir uma ficha e poder prosseguir com a jornada, semelhante ao que era nos fliperamas originais.

Além disso, o menu também possibilita que o progresso do game seja salvo ou carregado a qualquer instante, uma função que é muito comum neste tipo de coletânea. Contudo, “Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics” peca por oferecer apenas um slot de salvamento, o que limita os jogadores a apenas um save por jogo.

Outro ponto falho do menu de gerenciamento, é que ele não vem com uma opção para resetar o jogo escolhido, desta forma, sempre que o jogador quiser recomeçar uma partida ele terá que sair do game, voltar ao menu e selecionar o título mais uma vez.

A Capcom também falha com o público brasileiro, já que embora o menu da coletânea esteja traduzido para o português, os jogos do pacote estão todos em seus idiomas originais (que pode ser alternado entre o inglês e o japonês), o que impossibilita muitos jogadores de compreender os diálogos presentes nos finais de cada um dos games.  

Vale a pena?

“Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics” resgata um período em que a Capcom fez história nos jogos de fliperama, com títulos que sobreviveram ao teste do tempo e que conseguem bater de frente com muitos lançamentos recentes. Apesar de não contar com alguns recursos básicos no menu de gerenciamento e de os games não possuírem uma localização em português brasileiro, o lançamento deste pacote garante o acesso fácil a estes jogos, sem que seja necessário recorrer a meios alternativos, como por exemplo, a emulação.

A coletânea está disponível para PS4 por R$231,90, Nintendo Switch por R$275,00 e PC (Steam) por R$199,00. Uma versão para Xbox também está com previsão de lançamento para 2025.

*Colaboração de Alfredo Carvalho para o LeiaJá