Nova coletânea de Castlevania traz o melhor da franquia
Pacote inclui os três jogos lançados para Nintendo DS e um remake de “Haunted Castle”
setembro 9, 2024 - 11:31 am
Imagem: Divulgação/Konami
Embora os jogos de alto investimento não sejam mais o foco da publicadora japonesa Konami, é fato que ela dispõe de um portfólio repleto de grandes franquias, como por exemplo “Silent Hill”, “Metal Gear Solid” e também “Castlevania”. Nos últimos anos, os fãs dessas sagas tiveram que se contentar apenas com relançamentos e coletâneas que remetiam à época de ouro da Konami, com pacotes que na maioria das vezes se vendem pela nostalgia, mas deixam a desejar em quesitos técnicos, que vão desde a qualidade da emulação ou ausência de alguns títulos de peso. No entanto, o recém lançado “Castlevania Dominus Collection” pode ser um ponto fora desta curva, já que acrescenta até mesmo conteúdos inéditos.
Esta coletânea reúne os três jogos lançados originalmente para o console portátil Nintendo DS, são eles “Castlevania Dawn of Sorrow” (2005), “Castlevania: Portrait of Ruin” (2006) e “Castlevania: Order of Ecclesia” (2008), além de também conter um título que até então era exclusivo das máquinas de arcades (conhecidas no Brasil como fliperamas), “Haunted Castle” (1969) e um remake inédito deste mesmo game intitulado “Haunted Castle Revisited”. O LeiaJá teve a oportunidade de testar o pacote na versão de Xbox Series X/S.
Mais acessibilidade
Um dos principais atrativos de qualquer coletânea é o fato de poder ter acesso a jogos antigos em plataformas atuais, sem que seja preciso usar de meios alternativos. Mas, de todos os jogos da franquia, a trilogia de Nintendo DS era a mais complexa para se emular, já que ela se utilizava dos recursos de duas telas do portátil, seja para exibir os mapas dos games ou para executar alguns comandos via touch screen, como é o caso dos selos mágicos de “Dawn of Sorrow”.
Porém, “Dominus Collection” consegue lidar bem com essas particularidades do Nintendo DS. A começar pelo layout de cada um dos títulos, que possui a maior parte destinada ao game em si, mas organiza pequenos quadros no canto direito da tela, que exibe o mapa do castelo, as estáticas de força do protagonista e informações sobre os inimigos. Vale destacar que a ordem destes quadros pode ser ajustada pelo jogador a qualquer momento durante o gameplay.
Já as partes que exigiam o uso do touch screen funcionam de diferentes maneiras. Em “Dawn of Sorrow” por exemplo, existem partes em que é preciso quebrar cubos de gelo por meio do toque, nestes trechos o jogador pode utilizar o analógico direito do controle e guia um pequeno ponteiro para os alvos que deseja eliminar, uma vez que eles estiveram selecionados, basta pressionar o botão RT (ou R2 no Playstation), que o jogo entenderá essa ação como um toque na tela.
Já os selos que devem ser utilizados para finalizar os chefes em “Dawn of Sorrow” continuam presentes aqui, mas diferente do Nintendo DS que exigiam que o jogador fizesse um desenho na tela com a Stylus (nome dado para a canetinha que acompanhava o portátil), aqui basta apertar uma sequência de botões na ordem correta.
Vale lembrar que essa mecânica de selos foi alvo de críticas na época em que o título foi lançado e mesmo com essa suposta melhoria, ela ainda se mostra desnecessária e não acrescenta nenhum desafio real para o gameplay. Para este caso, a Konami poderia ter adicionado uma configuração para que os selos fossem executados de maneira automática, tal como acontece em alguns hacks do título. É importante ressaltar que boa parte dos recursos que utilizavam a tela de toque do portátil foram deixados de lados nas sequências “Portrait of Ruin” e “Order of Ecclesia”.
Uma surpresa inesperada
Para muitos fãs da franquia, a trilogia de Nintendo DS presente nesta coletânea representa o ponto mais alto da franquia, seja pela clara evolução dos conceitos estabelecidos no clássico “Symphony of the Night” (1997) ou por serem os últimos jogos da saga que tiveram o produtor Koji Igarashi (considerados por muitos como o pai de “Castlevania”) a frente dos projetos.
Mesmo que “Dawn of Sorrow” seja um título experimental para as mecânicas do Nintendo DS, cada jogo desta trilogia representa uma base sólida para o que define um bom jogo de metroidvania (gênero de jogo conhecido por misturar elementos de “Castlevania” e “Metroid”). A coletânea já cumpre o seu papel ao manter a estrutura original de cada um destes games e torná-los disponíveis para as plataformas atuais, contudo “Dominus Collection” vai além e apresenta uma surpresa inesperada para os fãs.
Em um menu a parte da coletânea, é possível acessar o game “Haunted Castle” de fliperama, considerado por muitos fãs como um dos piores jogos de toda a franquia, seja pela sua jogabilidade, gráficos ultrapassados para época e um sistema feito apenas para que o jogador gastasse inúmeras fichas durante o processo.
Por outro lado, o pacote também trouxe “Haunted Castle Revisited”, que se trata de um remake inédito e que melhora o original em todos os aspectos. Apesar da jogabilidade remeter aos primeiros “Castlevanias”, ela está bem fluída e oferece comandos bem práticos de serem executados. Além disso, o título também surpreende com gráficos e level design totalmente refeitos, que fazem com que a pior aventura de Simon Belmont se torne uma das mais satisfatórias de toda a saga.
Apesar de ser um remake, é válido destacar que “Haunted Castle Revisited” é o mais próximo de um “novo jogo” que os fãs receberam nos últimos tempos, já que que “Castlevania: Lords of Shadow 2” foi lançado em 2014 e, desde então, a saga se limitou apenas a jogos de celular ou participações especiais em outras franquias, como “Super Smash Bros. Ultimate” (2018), “Dead Cells” (2017) e “Dead By Daylight”.
Vale a pena?
“Castlevania Dominus Collection” poderia ter sido um lançamento perfeito, uma vez que ele reúne o ponto mais alto da franquia em um único pacote e ainda traz “Haunted Castle Revisited” de surpresa para todos os fãs. Contudo, a coletânea peca em não trazer uma localização em português brasileiro para os jogos, que dispõe de muitos diálogos e que com certeza prejudicará a experiência daqueles que não dominam um segundo idioma. De resto, a coleção tem tudo para agradar os veteranos da saga, assim como os novos fãs. O título está disponível para PS5, Xbox Series X/S, Nintendo Switch e PC por R$133,90.
Colaboração de Alfredo Carvalho, para o LeiaJá