Dragon’s Dogma 2 não é um jogo para todos

Game conta com longas caminhadas e recursos de viagens rápidas limitadas, mas se beneficia pela jogabilidade e estrutura de exploração do mundo aberto

Dragon’s Dogma 2 não é um jogo para todos

Imagem: Divulgação/Capcom

Após 12 anos de espera, os fãs finalmente receberam o segundo capítulo da franquia “Dragon’s Dogma”, um RPG de ação desenvolvido e publicado pela Capcom, e que teve como diretor o game designer japonês, Hideaki Itsuno, também conhecido por liderar projetos como “Devil May Cry” e “Street Fighter”. Apesar de contar com uma base de fãs bastante consolidada, “Dragon’s Dogma 2” não é um jogo que irá agradar a todos, já que ele mantém uma estrutura bastante semelhante ao primeiro título e entrega exatamente o que ele prometia. O LeiaJá teve a oportunidade de testar o título na versão de Xbox Series X/S.

A narrativa de “Dragon’s Dogma 2” é bastante simples e não é o ponto central do game. O jogador encarna o papel do herói sem nome, denominado como “Nascen”, que após ter o seu coração retirado por um dragão, recebe o poder de controlar os peões e deve derrotar a poderosa criatura para reaver seu posto de rei.

O protagonista se trata de um avatar personalizado pelo próprio jogador, por meio de um sistema de criação de personagens bastante competente. Além dele, também será possível definir as características do peão principal, que é um combatente que irá acompanhar o Nascen e seguir suas ordens durante toda a jornada.

Esse método de criar o próprio personagem tem como intuito fazer com que o jogador se sinta dentro da história, por conta disso, o personagem não dirá uma única palavra o jogo inteiro, assim como também não terá uma personalidade definida. Desta maneira, assim como em diversos jogos que se utilizam desse sistema, todo o carisma do herói cai para zero.  

Além disso, a história de “Dragon’s Dogma 2” funciona apenas como um plano de fundo, que carece de momentos profundos e de grandes reviravoltas. Mas isso não torna a experiência com o game negativa, já que é o gameplay e exploração do mundo aberto que faz o título brilhar e o coloca nos pedestais de melhores jogos de 2024.

O mundo de Dragon’s Dogma 2

Ao iniciar o título, não demora muito para que o jogador tenha acesso ao extenso mapa do game, que carrega consigo algumas das principais características da franquia, entre eles, o valor da jornada. Antes de chegar perto de “Dragon’s Dogma 2”, é necessário ter em mente que este é um jogo composto por longas caminhadas, que podem representar mais de 70% do tempo de jogo. Estas jornadas estarão repletas de batalhas contra criaturas como goblins, trolls, grifos, harpias, quimeras e dragões.

Diferente da maioria dos games de mundo aberto, que se utilizam de sistemas como viagens rápidas infinitas, meios de transportes e outros facilitadores; em “Dragon’s Dogma 2” todos esses recursos são bastante limitados e obriga que a jornada seja feita a pé na maior parte do tempo.

O jogador terá acesso a algumas pedras de teletransporte, que são bastante limitadas e devem ser utilizadas apenas em casos extremos. Também existe o serviço de carroças, que pode transportar os personagens de uma cidade para outra; no entanto, existe uma grande chance do veículo sofrer uma emboscada durante o percurso, o que obrigará que parte do caminho seja feito por meio de caminhadas.

Em diversas entrevistas, o diretor do game Hideaki Itsuno, declarou que toda esta limitação faz parte do DNA da série e que parte da experiência de “Dragon’s Dogma 2” está na jornada. Por outro lado, a própria Capcom colocou as pedras de viagem rápida para serem vendidas via microtransação (sistema que permite ao jogador adquirir qualquer recurso do game, por meio de dinheiro real), o que causou a revolta por parte de inúmeros usuários e fez com que o jogo recebesse diversas análises negativas na plataforma da Steam.

Apesar das críticas, a ideia de caminhar longos percursos se mostra bastante funcional com o passar do tempo, já que o game apresenta um sistema de batalhas satisfatório e uma estrutura de mundo aberto que foge do comum. Em “Dragon’s Dogma 2” o jogador não terá um mapa infestado de marcadores ou objetivos secundários e, para explorar todos os pontos de interesse, será necessário desbravar cada ponto do cenário manualmente.

Muitos podem considerar essa estrutura pouco intuitiva, mas isso auxilia em não deixar o jogador sufocado com infinitos objetivos e ajuda a deixar a jornada mais fluida, com uma constante sensação de progressão. Contudo, a obrigatoriedade para realizar os percursos a pé será um verdadeiro teste de paciência para alguns e provam que “Dragon’s Dogma 2” não é um jogo para todos.

Vocações e sistema de peões

Em “Dragon’s Dogma 2” o personagem terá que escolher entre quatro vocações iniciais, que são: combatente, arqueiro, mago ou ladrão. Com o tempo, outras vocações são liberadas, como lanceiro místico ou ilusionista.

Cada uma das vocações se adapta às preferências de jogabilidade de cada um, no entanto, para conseguir um desempenho satisfatório, é necessário alternar entre as vocações em diversos momentos da jornada.

Por exemplo, a classe de arqueiro possui a vantagem de poder atacar a longa distância, mas fica sobrecarregada com os itens coletados na estrada com bastante facilidade. Neste caso, é preciso mudar a vocação para combatente e evoluir ela até adquirir a habilidade passiva que aumenta a capacidade de vigor do personagem. Desta maneira, os atributos adquiridos em uma vocação podem ser aproveitados em outras classes, o que torna o personagem mais imbatível.

Outro ponto de destaque em “Dragon’s Dogma 2” é o sistema de peões, que são os guerreiros que acompanham o jogador durante jornada. Logo no início do game, é possível criar o peão principal, definir suas características e a vocação. Além disso, o jogo permite adicionar mais dois peões ao time, o que totaliza uma equipe de quatro personagens.

Entretanto, a inteligência artificial dos peões é bastante limitada e não será incomum vê-los causar incômodos na jornada, como por exemplo, provocar inimigos que estão distantes, ao mesmo tempo em que uma batalha intensa é travada com outros grupos de monstros.

Vale a pena?

“Dragon’s Dogma 2” é um RPG que remete às aventuras medievais clássicas, tais como aquelas descritas na saga “O Senhor dos Anéis”, de J. R. R. Tolkien (1892 – 1973) e pode agradar os amantes do gênero. No entanto, as longas caminhadas podem cansar alguns jogadores e fazer com que muitos desistam do título logo no começo.

Além disso, a otimização do game está abaixo do esperado e apresenta diversas quedas de quadros em inúmeros momentos. A Capcom já se pronunciou nas redes sociais e prometeu que estes problemas serão corrigidos por meio de patchs de atualizações.

Mesmo com estes problemas, “Dragon’s Dogma 2” se mostra bastante competente dentro da sua proposta e deve figurar como um dos concorrentes ao jogo do ano, na edição de 2024 do The Game Awards (TGA). O game está disponível para PS5 e Xbox Series X/S por R$336,90; e PC por R$299.

Colaboração de Alfredo Carvalho para o LeiaJá