Gabinete: João Paulo comenta relação de Raquel Lyra com Alepe e desgaste entre PT e PSB em PE

O deputado tem sido uma das poucas vozes a defender que o PT Pernambuco deixe a oposição ao governo estadual

Gabinete: João Paulo comenta relação de Raquel Lyra com Alepe e desgaste entre PT e PSB em PE

Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

O deputado estadual e ex-prefeito do Recife João Paulo, do PT, protagoniza a mais nova entrevista do programa Gabinete, apresentado pela editora de política do LeiaJá, Thabata Alves. Em um episódio repleto de comentários sobre a atual conjuntura política nos principais núcleos de Pernambuco, João Paulo abordou o desgaste entre os diretórios estaduais do PT e do PSB, a oposição que os petistas fazem à governadora Raquel Lyra (PSD) no estado, além da relação do Governo Lula com a gestora estadual.

Conhecido por ter um perfil mediador, o deputado tem sido uma das poucas vozes a defender que o PT Pernambuco deixe a oposição ao governo estadual. O nome do parlamentar chegou a ser especulado como possível opção para a Secretaria de Educação do governo, mas João Paulo negou a informação ao LeiaJá, em janeiro deste ano. Por enquanto, diz que estabelece sua aproximação com Lyra através do legislativo.

PT X PSB

João Paulo é um dos assinantes do manifesto “O PT pode mais”, divulgado no último mês de abril. O documento defende a emancipação do partido em Pernambuco e a reaproximação com as pautas de base, mais próximas da esquerda tradicional. Durante o gabinete, o deputado reafirmou essa visão ao enfatizar o desgaste entre o PT e o PSB Pernambuco.

Para ele, um marco nessa fissura da relação entre os partidos foi o alinhamento dos socialistas à ala bolsonarista da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). O alinhamento aconteceu para enriquecer a oposição a Lyra, mas deixou comissões importantes da Casa Legislativa sob o comando de grupos de direita, que também se opõem ao governo federal.

“O que marca essa conjuntura é justamente a aliança entre o PSB e os bolsonaristas. Isso foi um marco nesse segundo período da nossa legislatura. Essa aliança colocou o deputado Coronel Alberto Feitosa na presidência da Comissão de Constituição e Justiça, Renato Antunes na Comissão de Educação, Antônio Coelho na Comissão de Finanças, e Waldemar Borges na Comissão de Administração Pública. Isso contemplou bastante o PSB e seus aliados, o que trouxe mais dificuldades para o governo”, declarou João Paulo.

Antes disso, a decisão sobre quem seria o candidato a vice-prefeito do Recife já havia causado problemas. Em uma escolha que tornou o PT coadjuvante, o PSB optou por candidatar Victor Marques, do PCdoB e agora eleito vice-prefeito. Considerando esse afastamento, João Paulo disse que julga a oposição do PT a Raquel Lyra como “precipitada”.

“Talvez, de uma forma até precipitada, o PT estadual definiu uma oposição à governadora Raquel Lyra. Isso numa conjuntura da vitória da governadora Raquel Lyra contra a derrota de Marília [Arraes], que era o nosso nome. Mas agora a conjuntura vai se acomodando. A partir de algumas dificuldades na relação do prefeito do Recife com o PT, tendo como ponto mais crítico a indicação do vice, que foi uma forma desrespeitosa que o prefeito tratou o PT, isso levou a um certo estremecimento na relação com o PSB”, acrescentou.

Todos contra Raquel Lyra, exceto o Governo Lula

Um dos impasses internos no Partido dos Trabalhadores é o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à governadora Raquel. Segundo João Paulo, esse suporte do presidente é “incondicional”. Perguntado sobre a também estreita relação de Lula com o prefeito João Campos, o deputado reconheceu que existe um laço, mas que as circunstâncias, atualmente, são diferentes.

“Há uma relação também, porque o governo Lula é muito democrático. Ele não discrimina, independente de partido político. No caso da governadora, é diferente, porque ela não se elegeu com o nosso apoio, mas fez esse reconhecimento”, contextualizou o parlamentar.

Esse racha já é um dos principais assuntos da política pernambucana, considerando as eleições de 2026. O cenário mais provável é o de Raquel Lyra buscando a reeleição e João Campos buscando a chegada ao Palácio do Campo das Princesas.

“Por outro lado, temos o apoio incondicional do presidente Lula à governadora Raquel Lyra. Ela sempre diz que o presidente abriu as portas de todos os ministérios em que ela bate e que é muito bem recebida. Que tudo o que o governo pode fazer, no sentido de garantir que os recursos cheguem a Pernambuco, o governo tem feito. Então há uma decisão do diretório estadual, mas não tem uma oposição do governo federal”, concluiu.

OPOSIÇÃO NA ALEPE — Na assembleia legislativa, a bancada petista (Doriel Barros, João Paulo e Rosa Amorim) combinou de votar positivamente às propostas do governo estadual que forem consideradas “essenciais” ao estado. Ou seja, os parlamentares optaram por não realizar oposição sistemática à governadora.

“Houve dificuldades nessa relação do governo com a assembleia legislativa, o que levou a um rompimento. Isso ficou claro desde o vazamento daquelas declarações no evento em que a governadora estava. Apesar desse clima entre o presidente da assembleia e a governadora, os projetos essenciais para o estado, a assembleia não tem se negado a aprovar. Recentemente, votamos o empréstimo de R$ 1,5 bilhão,

Confira a entrevista completa:

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