Gabinete: Waldemar Borges avalia gestão de Raquel Lyra e traça paralelos com João Campos

Deputado do PSB, que protagoniza oposição na Alepe, é novo convidado do programa de política do LeiaJá

Gabinete: Waldemar Borges avalia gestão de Raquel Lyra e traça paralelos com João Campos

Foto: LeiaJá

O deputado Waldemar Borges, do PSB, é o novo convidado do programa Gabinete, apresentado pela editora de política do LeiaJá, Thabata Alves. No episódio, que vai ao ar neste sábado (26), o parlamentar debate o estado atual da política pernambucana, o governo de Raquel Lyra (PSD), e fala sobre o próprio futuro após oito mandatos no Legislativo – sendo, por quatro vezes, vereador do Recife, e quatro vezes deputado estadual. Também foram debatidos a concessão da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) e os problemas entre o Executivo e a Educação.

Uma das principais vozes da oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Borges criticou o que chamou de “falta de entregas” do Governo Estadual, além das dificuldades de interlocução política que enxerga na governabilidade de Lyra. As críticas se estenderam a um paralelo de comparações entre a governadora e o prefeito do Recife João Campos (PSB), cotado para a disputa pelo governo em 2026 e já posicionado como adversário direto da governadora.

Raquel Lyra ‘vendeu facilidades’

No trecho inicial da entrevista, Waldemar Borges afirmou que a chefe do Executivo estadual fez uma campanha de “vote em mim e todos os problemas serão resolvidos”. Esse discurso teria sido voltado, sobretudo, para as áreas de segurança pública, saúde e educação. Porém, para o deputado, essas áreas mostraram retrocesso e ainda não é possível entender o objetivo da gestão.

“A governadora, passados mais de dois anos de governo, no meu entendimento, não disse ainda a que veio. Ela gerou uma expectativa muito grande, durante o período eleitoral, fez uma campanha na base do ‘vote em mim e os problemas todos serão resolvidos’. O que a gente tem observado é justamente o contrário. Algumas políticas públicas que Pernambuco teve avanço, como a educação, retrocederam”, apontou o socialista.

Esses problemas já fazem parte do debate que climatiza o cenário político das eleições de 2026. Ao tecer comparações, Waldemar Borges afirmou que a Gestão Campos, no Recife, é observada pelos pernambucanos como um todo. “Pernambucanos de outros municípios começam também a querer que aconteça em suas cidades o que acontece no Recife”, comentou.

Para o legislador, a diferença está na quantidade de entregas, no ritmo de trabalho e na governança “pé no chão”. “João Campos, ao contrário da governadora, fez uma campanha muito pé no chão, colocando os problemas complexos dentro de sua dimensão complexa. Não vendeu facilidades, quando essas situações não são facilmente resolvidas, conseguindo dar resposta a problemas históricos da cidade”, concluiu.

Semelhanças entre João e Eduardo Campos

Ainda abordando as entregas, sobretudo no setor de infraestrutura das cidades, Borges citou semelhanças entre o perfil político do ex-governador Eduardo Campos e o filho, o prefeito João Campos. Na visão do deputado, que também foi secretário de Eduardo no passado, pai e filho têm o perfil de “viciados em trabalho” e não perdem “um segundo” do mandato.

“João também tem uma leitura mais contemporânea dos métodos de governo que o seu pai exerceu. Eduardo Campos inaugurou aqui uma visão muito profissional da gestão, com uma metodologia de monitoramento muito eficaz. João tem tudo isso, mas de forma mais contemporânea, introduzindo novos elementos que, talvez, Eduardo não tivesse naquela época”, pontuou.

”Governo só apoia a base aliada”

Um outro ponto da gestão de Raquel Lyra que foi alvo de críticas do deputado foi a interlocução política. Para ele, a governadora já teve um perfil “apolítico” de governar. Atualmente, se reaproxima da própria base e tenta consertar os problemas de comunicação política que tinha quando estava no PSDB. No entanto, o apoio da gestora se estenderia apenas à base aliada, o que pode afetar o desenvolvimento das prefeituras fora do grupo governista.

“É assim: se você quiser vir me apoiar, tudo bem, terá reciprocidade. Se não quiser me apoiar, será esquecido das ações do governo. Isso é o que a gente observa nas prefeituras que não são da base aliada”, argumentou. Borges citou como exemplo o prefeito de São Lourenço da Mata, Vinicius Labanca (PSB), que atualmente protagoniza um impasse com o governo estadual sobre a retirada do único núcleo policial da cidade.

Waldemar Borges também citou os problemas na realização da última edição do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), um dos principais do estado. À época, o prefeito Sivaldo Albino (PSB) também travou embates com a governadora Raquel Lyra por dificuldades em se comunicar com o governo estadual e chegar a uma unanimidade quanto à realização do evento. Para Borges, o motivo do impasse é a diferença partidária.

Futuro na política

Ao ser questionado sobre ter ou não interesse em migrar para o Executivo ou subir ao Congresso Nacional, a resposta de Waldemar Borges foi simples: não. O deputado estadual se disse realizado com a própria trajetória e que nenhuma dessas duas mudanças estão, atualmente, sob seu radar.

“Sou muito realizado com o trabalho que faço na assembleia, com a contribuição que procuro dar ao meu estado. Fiz isso quando era governo, fui secretário dos governadores Eduardo Campos e Miguel Arraes. Agora, na oposição, procuro dar contribuição com as críticas que faço e também com elogios, não tenho a menor dificuldade de elogiar e aplaudir. Me sinto realizado nessa dimensão da minha atuação política”, finalizou.

Confira a entrevista completa