O tabuleiro político pós-Carnaval em Pernambuco 

Fotos: Reprodução/redes sociais

O carnaval acabou, mas a corrida política não para. O saldo entre os principais adversários no estado, a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), pode ser considerado positivo para ambos os lados. Entre os polos visitados, estruturas montadas e serviços prestados, há o que observar. 

O prefeito da capital pernambucana aproveitou o espaço do Marco Zero, principal polo do carnaval da cidade, para mostrar o tamanho e adesão do público. Apesar dos mais de 50 polos espalhados pela cidade, o gestor chegou a publicar em suas redes sociais a visita em quatro deles: na Bomba do Hemetério, no show de Maestro Forró, na Avenida Dantas Barreto, para ver o concurso de agremiações, no Ibura e em Jardim São Paulo. 

Já a gestora estadual, aproveitou os festejos momescos para visitar os palcos do governo, no Recife e em Olinda, além de ter comparecido a um camarote no Marco Zero. Depois do Galo da Madrugada, no dia 1 de março, Lyra seguiu para outros polos carnavalescos do estado, tendo passado por Bezerros e Pesqueira, no Agreste, e em Nazaré da Mata, na Mata Norte. Na mesma região, ela foi a Aliança, e ainda passou em Triunfo, no Sertão. 

Para a cientista política Priscila Lapa, a presença dos gestores no Carnaval é vista como um movimento comum, levando em consideração a posição deles e as ambições para o futuro. “O carnaval é sempre uma oportunidade de os políticos terem essa visibilidade, apesar de nesse momento o eleitor não estar prestando atenção exatamente nisso. E sente isso com uma certa desconfiança essa presença exacerbada dos políticos, porque no dia a dia, na rotina não costuma ser assim”, observou. 

“Mas no caso específico de João e Raquel, eles são atores políticos presentes na rotina da cidade, na rotina do estado. E no carnaval eles também fazem essa presença, essa marcação de território”, ponderou. 

Saldo é calculado pelo eleitorado em Pernambuco

Para Priscila Lapa, o saldo do carnaval, para os políticos, depende bastante do ponto de vista do eleitor ao final das festas. “Passados os festejos é quando vem essa percepção do eleitor de maneira mais acentuada. E vem esse sentimento natural de [se] a festa foi boa, foi ruim, teve investimento, teve presença do Estado, não teve. Então, nesse quesito os dois acabaram competindo ‘pau a pau’ para quem marcava essa presença”, pontuou. 

Com a presença de ambos nas principais atividades carnavalescas na região, sobretudo na abertura do carnaval no Recife e no Galo da Madrugada, outro ponto observado pela especialista é a caracterização dos gestores para as festas. De um lado, João Campos comparecia a todos os eventos com sua noiva, a deputada Tabata Amaral (PSB), vestindo roupas combinando a paleta de cores e estampas. Do outro, Raquel Lyra vestiu os trajes do maracatu, além de ter usado uma roupa encomendada por sua irmã, de uma estilista recifense. “Os dois têm esse hábito de se fantasiar, de se fazer presentes na rotina do carnaval”, afirmou. 

Por fim, entre pontos positivos e negativos, o saldo dos políticos foi benéfico. Raquel teve perdas, pela falta de êxito do palco Pernambuco Meu País instalado por trás do Palco do Marco Zero. Mas João também não saiu totalmente ileso, com uma baixa na popularidade, em comparação ao ano passado, quando ele se destacou com o cabelo “nevado”. 

No entanto, os brilhos dos gestores não passaram despercebidos, com o reforço dos serviços públicos da Prefeitura do Recife, e a baixa do número de homicídios durante o carnaval, parte do trabalho das forças de segurança do estado. “Essa questão da segurança, que é um ponto sensível ligado a essas festividades de massa, mas a gente pode dizer que nesse quesito, a governadora conseguiu usufruir desse momento para tentar alavancar sua popularidade”, concluiu. 

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