Raquel na berlinda

Cientista política comenta a situação e os cenários para a governadora

Raquel na berlinda

Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

A governadora Raquel Lyra (PSDB) vem enfrentando algumas situações no início da segunda metade de sua gestão. Entre manter os aliados por perto, garantir pagamentos de emendas impositivas em atraso, gerenciar a crise de segurança pública deflagrada há exatamente uma semana, no último sábado (1), além das chuvas que atingiram a Região Metropolitana do Recife (RMR) nos últimos dias, a tucana faz jogadas arriscadas. 

Das cenas de violência entre grupos organizados com camisas de times de futebol, a cientista Priscila Lapa falou ao LeiaJá que a situação não seria fácil de lidar por ninguém que estivesse à frente do poder público. “Qualquer liderança política, que estivesse no comando do estado, teria ali uma dificuldade muito grande de trazer à responsabilidade, colocar as coisas no seu no eixo novamente e passar essa confiança e essa credibilidade para o cidadão”, afirmou. 

“A temática da segurança pública tem um poder de desencadear uma reação da opinião pública muito forte, e foi isso que aconteceu. E certamente maculou a percepção de clareza, se a governadora tinha certeza plena daquilo que ela estava definindo, como estava sendo conduzido”, observou a especialista. 

A demora das emendas

O prazo para justificar o atraso no repasse das emendas impositivas de 2024 acabou na última quinta-feira (6), dia em que ela enviou o relatório ao Legislativo. O montante de R$ 118 milhões deveria ter sido enviado aos municípios ainda no final de dezembro, e a atitude levantou questionamentos na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Apesar das cobranças, o tom da chefe do Executivo estadual é cordial diante do Legislativo. 

“É importante dizer que o nosso governo foi o governo que mais pagou emendas parlamentares na história do nosso estado. E fica aqui o compromisso de querermos arcar com o pagamento das emendas parlamentares, não só do ano de 2024, como deste ano de 2025”, disse Lyra, na ocasião da sessão de abertura do ano legislativo na Alepe, na última segunda-feira (3). 

Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

De acordo com o documento, enviado à Alepe, o grupo de trabalho apontou erros nos pedidos dos repasses, como CNPJ inválido, valores inconsistentes, e envio de verba para a secretaria errada. 

Ainda sobre o apoio da Assembleia, a governadora não tem dúvidas as boas relações que cultiva na Casa. “Eu já contei com o apoio da Assembleia Legislativa durante esses primeiros dois anos e tenho certeza de que, no interesse do povo de Pernambuco, também não nos faltará o apoio desta Casa na aprovação de projetos e ações que dizem respeito à melhoria da qualidade de vida do estado”, afirmou. 

Professores reclamam de erros em pagamentos 

Outra situação perdura há mais tempo. O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação de Pernambuco (Sintepe) denunciou, no fim de janeiro, que os vencimentos do mês de alguns servidores vieram com erro. Ainda em dezembro do ano passado, a categoria havia alertado que esse tipo de situação já vem acontecendo há cerca de seis meses. O Sintepe já procurou o TCE e o MPPE e vai liderar um processo judicial contra o Estado. 

Perguntada sobre a situação, Lyra afirmou que a mesa de negociação com os servidores públicos do estado funciona ativamente e que “as portas da Secretaria de Administração e da Educação estão abertas”. 

“Somente o ano passado foram mais de 200 reuniões efetuadas, tanto que os reajustes dos profissionais de educação e dos professores foram aceitos pelo sindicato por unanimidade. E qualquer correção, a gente corrige. Não tem problema nenhum. Vai sair no pagamento de uma folha extra ou no pagamento do mês seguinte”, explanou a governadora. 

Malabarismo político de Raquel Lyra 

Priscila Lapa explica que a opinião pública muda rapidamente, principalmente quando pontos sensíveis para a sociedade ficam fragilizados. É o caso, como falado no início da matéria, da segurança pública. A cientista política lembra que ainda no final do ano passado e início de 2025, Raquel Lyra estava com uma avaliação mais estável, diante de um orçamento robusto para o ano, e grandes investimentos planejados para os próximos meses. “Virou-se um ano com muita expectativa de um ritmo de entregas, de muito resultado, e acabou que vários pequenos problemas ganharam mais visibilidade do que propriamente essa questão dos investimentos”, ponderou. 

“Claro, para o cidadão comum, essa questão de relacionamento, atrito com a Assembleia, o não pagamento de emendas, parecem problemas que o eleitor tem conhecimento, mas ele não necessariamente toma sua decisão a partir disso. Agora a segurança pública sim, isso tem o poder de impactar muito fortemente o cidadão”, finalizou. 

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