João Campos pode se reeleger com votação histórica no Recife
A distância do atual prefeito do Recife para os adversários nas pesquisas eleitorais aponta para uma vitória histórica já no 1º turno
outubro 1, 2024 - 7:11 am
A campanha de reeleição de João Campos conta com o apoio de 11 partidos. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá/Arquivo
Se o resultado das pesquisas se confirmar no próximo domingo (6), João Campos (PSB) vai se eleger no 1º turno como o prefeito mais votado do Recife desde a redemocratização. Todos os levantamentos colocam a campanha do atual gestor com índice superior a 70% das intenções de voto.
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De ponta a ponta
O último levantamento da Quaest, no dia 18 de setembro, mostrou o atual prefeito com 77% das intenções de voto. Na mesma pesquisa, o segundo colocado, Gilson Machado (PL), marcou apenas 8%, enquanto Daniel Coelho (PSD) ficou na terceira posição, com 4%.
Ainda em julho, antes do período eleitoral, a pesquisa Datafolha já colocava João Campos bem à frente dos concorrentes. O levantamento serviria um termômetro para as estratégias de campanha, mas antecipou o amplo favoritismo de João, que recebeu o apoio de 75% dos entrevistados. Daniel Coelho (PSD) apareceu em seguida, com 7%, e quem assumiu o terceiro lugar foi Gilson, com 6% das intenções de voto.
Efeito João Campos
Apoiado por influenciadores e artistas locais, João Campos consolidou a figura de um político sem formalidades e chamou a atenção fora de Pernambuco pelo engajamento nas redes sociais. Ao abraçar as tendências digitais e o investir no meme “Meu prefeito”, ele já soma mais de 2,5 milhões de seguidores em seu perfil, sendo o gestor de capital com maior presença virtual.
O investimento milionário em publicidade ao longo do atual mandato ajudou a construir a imagem de político “gente da gente”, que pinta o cabelo no Carnaval ao mesmo tempo que gerencia a cidade. Eleito em 2020 com 56% dos votos em um 2º turno acirrado com Marília Arraes (na época do PT), João precisou de apenas dois anos para converter a figura de ‘nepobaby’ para a de um gestor com forte presença nas periferias do Recife. Não à toa, a grande adversária na eleição passada acabou como cabo eleitoral do prefeito em 2024.
A virada de chave na comunicação política fez os pontos fracos da gestão passarem muitas vezes despercebidos. Por exemplo, a maioria da população sabe que o prefeito gosta de praticar atividade física, mas não sabe da ingerência que deixou corredores da cidade sem radares de velocidade e do recente inquérito do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para apurar o funcionamento de creches no município.
“A gente pode dizer que o grande padrinho político hoje em Pernambuco, nas eleições, é o prefeito João Campos. Ele conseguiu conquistar uma popularidade que vai muito além dos limites do Recife […] ele conseguiu fazer um movimento que foi importante para a legenda [PSB], que foi um descolamento da impopularidade do governo derrotado anteriormente, que foi do ex-governador Paulo Câmara. Ele conseguiu ser um prefeito que a imagem dele não foi associada à imagem da impopularidade com que o PSB deixou o governo do estadual em 2022. A oposição tentou fazer agora esse movimento na campanha de colar a imagem dele a Geraldo Julio, a outras figuras do PSB, e o que a gente escuta das pessoas é ‘eu nem lembrava que João Campos era do partido de Geraldo Julio’. Isso não se faz em período de campanha, isso vem acontecendo numa construção política”, analisou a cientista política Priscila Lapa em entrevista ao LeiaJá.
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Prenúncio de uma vitória histórica
A última vez que um candidato levou a disputa à Prefeitura do Recife no 1º turno foi em 2012. O feito foi conquistado pelo mesmo partido do atual prefeito, com Geraldo Julio, que recebeu 51% dos votos. Na época, ele derrotou o senador Humberto Costa (PT) e Daniel Coelho (PSD), um dos principais concorrentes de João do pleito que se aproxima.
A votação mais expressiva de um postulante à Prefeitura foi em 2004, quando João Paulo (PT) alcançou 56% do eleitorado e deixou Cadoca (MDB) para trás. Essa eleição marcou o melhor resultado nas urnas de um candidato ao Executivo do Recife desde 1988.
Recife costuma decidir eleições no 1º turno
A comemoração de um candidato já no 1º turno se repetiu na eleição municipal posterior. Em 2008, João da Costa, também do PT, se elegeu com 51% dos votos em uma disputa que contava com o atual deputado federal Mendonça Filho (UNIÃO) e com o ex-deputado federal Raul Henry (MDB).
Recife só voltou a ter o prefeito eleito em uma única votação em 1996, quando Roberto Magalhães (PFL) recebeu o apoio de 50% dos eleitores e bateu João Braga (PSDB). Quatro anos antes, Jarbas Vasconcelos (MDB) repetiu o bom desempenho nas urnas e venceu Humberto Costa (PT) com 52% dos votos.
Em 1988, ano que marcou a redemocratização no Brasil com a promulgação da Constituição Federal, Joaquim Francisco (PFL) saiu vitorioso e se tornou prefeito do Recife com o apoio de 49% dos eleitores.