João Campos pode se reeleger com votação histórica no Recife 

A distância do atual prefeito do Recife para os adversários nas pesquisas eleitorais aponta para uma vitória histórica já no 1º turno

João Campos pode se reeleger com votação histórica no Recife 

A campanha de reeleição de João Campos conta com o apoio de 11 partidos. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá/Arquivo

Se o resultado das pesquisas se confirmar no próximo domingo (6), João Campos (PSB) vai se eleger no 1º turno como o prefeito mais votado do Recife desde a redemocratização. Todos os levantamentos colocam a campanha do atual gestor com índice superior a 70% das intenções de voto.

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De ponta a ponta

O último levantamento da Quaest, no dia 18 de setembro, mostrou o atual prefeito com 77% das intenções de voto. Na mesma pesquisa, o segundo colocado, Gilson Machado (PL), marcou apenas 8%, enquanto Daniel Coelho (PSD) ficou na terceira posição, com 4%.

Ainda em julho, antes do período eleitoral, a pesquisa Datafolha já colocava João Campos bem à frente dos concorrentes. O levantamento serviria um termômetro para as estratégias de campanha, mas antecipou o amplo favoritismo de João, que recebeu o apoio de 75% dos entrevistados. Daniel Coelho (PSD) apareceu em seguida, com 7%, e quem assumiu o terceiro lugar foi Gilson, com 6% das intenções de voto.

Efeito João Campos

Apoiado por influenciadores e artistas locais, João Campos consolidou a figura de um político sem formalidades e chamou a atenção fora de Pernambuco pelo engajamento nas redes sociais. Ao abraçar as tendências digitais e o investir no meme “Meu prefeito”, ele já soma mais de 2,5 milhões de seguidores em seu perfil, sendo o gestor de capital com maior presença virtual.

O investimento milionário em publicidade ao longo do atual mandato ajudou a construir a imagem de político “gente da gente”, que pinta o cabelo no Carnaval ao mesmo tempo que gerencia a cidade. Eleito em 2020 com 56% dos votos em um 2º turno acirrado com Marília Arraes (na época do PT), João precisou de apenas dois anos para converter a figura de ‘nepobaby’ para a de um gestor com forte presença nas periferias do Recife. Não à toa, a grande adversária na eleição passada acabou como cabo eleitoral do prefeito em 2024.

A virada de chave na comunicação política fez os pontos fracos da gestão passarem muitas vezes despercebidos. Por exemplo, a maioria da população sabe que o prefeito gosta de praticar atividade física, mas não sabe da ingerência que deixou corredores da cidade sem radares de velocidade e do recente inquérito do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para apurar o funcionamento de creches no município.

“A gente pode dizer que o grande padrinho político hoje em Pernambuco, nas eleições, é o prefeito João Campos. Ele conseguiu conquistar uma popularidade que vai muito além dos limites do Recife […] ele conseguiu fazer um movimento que foi importante para a legenda [PSB], que foi um descolamento da impopularidade do governo derrotado anteriormente, que foi do ex-governador Paulo Câmara. Ele conseguiu ser um prefeito que a imagem dele não foi associada à imagem da impopularidade com que o PSB deixou o governo do estadual em 2022. A oposição tentou fazer agora esse movimento na campanha de colar a imagem dele a Geraldo Julio, a outras figuras do PSB, e o que a gente escuta das pessoas é ‘eu nem lembrava que João Campos era do partido de Geraldo Julio’. Isso não se faz em período de campanha, isso vem acontecendo numa construção política”, analisou a cientista política Priscila Lapa em entrevista ao LeiaJá.

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Prenúncio de uma vitória histórica

A última vez que um candidato levou a disputa à Prefeitura do Recife no 1º turno foi em 2012. O feito foi conquistado pelo mesmo partido do atual prefeito, com Geraldo Julio, que recebeu 51% dos votos. Na época, ele derrotou o senador Humberto Costa (PT) e Daniel Coelho (PSD), um dos principais concorrentes de João do pleito que se aproxima.

A votação mais expressiva de um postulante à Prefeitura foi em 2004, quando João Paulo (PT) alcançou 56% do eleitorado e deixou Cadoca (MDB) para trás. Essa eleição marcou o melhor resultado nas urnas de um candidato ao Executivo do Recife desde 1988.

João Paulo (C) realiza ato de campanha em 2000 ao lado do presidente Lula e do escritor Ariano Suassuna. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Recife costuma decidir eleições no 1º turno

A comemoração de um candidato já no 1º turno se repetiu na eleição municipal posterior. Em 2008, João da Costa, também do PT, se elegeu com 51% dos votos em uma disputa que contava com o atual deputado federal Mendonça Filho (UNIÃO) e com o ex-deputado federal Raul Henry (MDB).

Recife só voltou a ter o prefeito eleito em uma única votação em 1996, quando Roberto Magalhães (PFL) recebeu o apoio de 50% dos eleitores e bateu João Braga (PSDB). Quatro anos antes, Jarbas Vasconcelos (MDB) repetiu o bom desempenho nas urnas e venceu Humberto Costa (PT) com 52% dos votos. 

Em 1988, ano que marcou a redemocratização no Brasil com a promulgação da Constituição Federal, Joaquim Francisco (PFL) saiu vitorioso e se tornou prefeito do Recife com o apoio de 49% dos eleitores.