Em debate, candidatos de Olinda atacam Mirella, mas apresentam poucas propostas factíveis

Mirella Almeida, candidata à prefeitura de Olinda. Foto: Reprodução/TV Globo

O debate dos candidatos à prefeitura de Olinda, no Grande Recife, nesta terça-feira (10), pode ser um bom termômetro para uma eleição ainda incerta. Com a maior porcentagem de intenção de votos, de acordo com a Datafolha, Mirella Almeida (PSD) recebeu uma enxurrada de perguntas e acusações. Por ser a candidata da situação, que sucede o atual prefeito, Professor Lupércio (PSD), foi chamada até de “marionete”. Os demais candidatos, porém, não forneceram tantas propostas próprias quanto atacaram a concorrente. 

Márcio Botelho (PP), atual vice-prefeito da cidade, e desafeto político de Lupércio, apontou falhas na gestão, mesmo tendo também seu dedo nela. Izabel Urquiza (PL), filha da ex-prefeita da cidade, Jacilda Urquiza, é também ex-secretária do atual prefeito da cidade, mas não hesitou em tecer comentários negativos sobre a situação do município. Já Antônio Campos (PRTB), advogado e membro da Academia Pernambucana de Letras, apenas acompanhou os concorrentes na campanha de ataques contra Mirella. O vereador Vini Castello, do PT, não conseguiu chegar a tempo para o debate.

Algumas perguntas entre os candidatos foram apenas deixas para apontar os problemas da cidade. Como aconteceu, por exemplo, quando Antônio Campos perguntou a Márcio Botelho o que ele achava da atual gestão municipal no quesito emprego. Botelho, por sua vez, começou afirmando que “tudo é uma fake news”. No entanto, ele afirmou que pretende criar uma agência do trabalho municipal, mesmo sem se detalhar muito no que consiste a proposta.

Antônio Campos no debate 

O irmão do ex-governador Eduardo Campos reforçou diversas de suas promessas, mas manteve um tom de desconhecimento das necessidades reais da cidade. Ele disse, por exemplo, que iria desapropriar o Horto Del Rey, no Alto da Sé, no Sítio Histórico. O candidato ainda frisou que seu primeiro compromisso, caso seja eleito, é “zerar a fome em Olinda”. Porém ele se ateve a replicar programas existentes em outras capitais, como João Pessoa, na Paraíba, e em São Paulo. 

Sobre a saúde, Tonca afirmou: “a saúde de Olinda está na UTI”. Antônio promete, portanto, fazer um hospital de porte médio para grande, voltado para mulheres e crianças, com parceria público privada.  Porém, ele não se aprofundou em explicar como vai fazer. 

Izabel Urquiza 

Perguntada sobre a questão da habitação na cidade, a candidata reforçou a promessa de “fazer a mudança”. Urquiza também lembrou a época em que foi coordenadora de habitação na Caixa Econômica Federal. Aproveitando seu tempo de fala, ela aponta para a gestão atual, mencionando Mirella. “A gente que conhece a realidade de Olinda, a gente vê que o que ela fala não é o que a gente vê na prática”, disse. 

Em outro momento, quando Botelho perguntou a ela sobre assistência social, ela afirmou que a presença das pessoas em situação de rua transformou a entrada da cidade em uma “cracolândia”. “Se cria uma casa Pop onde, o que é que aconteceu à cidade? As pessoas vão lá tomar um banho e comer, atraiu para a entrada da cidade muitas pessoas em situação de vulnerabilidade, essas pessoas estão formando ali uma cracolândia na entrada de Olinda, mas não há um trabalho para tirar essas pessoas dessa situação”, disse. Sua proposta é dar um emprego às pessoas no local, para que elas saiam de lá. 

Márcio Botelho  

Apesar de ser vice-prefeito, e ter estado presente em boa parte da gestão municipal, Botelho se coloca em total desconformidade com a realidade da cidade. Após detalhar diversos problemas na saúde da cidade, ele resume sua promessa em uma palavra: investimento. “A gente vai investir na saúde, a gente vai investir na educação, no saneamento básico”, afirmou. 

Ele chegou a mencionar uma decisão judicial que teve de obedecer, que acusava falhas na gestão, ao apontar problemas no laboratório municipal e nas creches. “Eu fiz três vídeos há um tempo atrás, na pré-campanha, e fui surpreendido, porque a candidata do prefeito, a marionete laranja do prefeito, Mirella Almeida, ela me acionou judicialmente no TRE para eu tirar esses vídeos”, disse. 

Mirella Almeida 

Por fim, a candidata da situação usou seus tempos de resposta para falar, certamente, dos feitos positivos na cidade. No entanto, algumas perguntas pontuais não tiveram uma resposta tão direta quanto esperado. 

Como quando Antônio Campos a perguntou sobre a dívida do município, ao que ela respondeu listando conquistas da gestão, mas sem mencionar números ou cifras. Sobre a Guarda Municipal, Mirella afirmou que haverá uma capacitação para que o efetivo esteja apto para trabalhar com armamento.