Convenção da Frente Popular do Recife dá o tom e o peso político à candidatura de João Campos

Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

De fato, algo grande aconteceu na manhã deste domingo (4), no Recife. A convenção da Frente Popular oficializou a candidatura de João Campos (PSB) à reeleição na capital pernambucana, tendo Victor Marques (PCdoB) como vice. O movimento “Meu Prefeito”, que virou slogan inicial de sua campanha, fez as bandeiras de movimentos sociais se levantarem no Clube Português, na Zona Norte. Além do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o evento teve bandeiras de vereadores e dos novos candidatos à Câmara Municipal.

A cada candidato a vereador que subia ao palanque para falar, os batuques e palmas aumentavam, juntamente com as bandeiras coloridas tradicionais, com nome, foto e número de urna de muitos deles. Porém, a permissão para divulgar os números de urna valia apenas aos filiados do PSB, que encabeça a chapa. As bandeiras de Osmar Ricardo (PT), por exemplo, tinham uma faixa preta onde deveria haver seus cinco dígitos.

A apoteose aconteceu por volta das 10h40, com a chegada do prefeito, junto com sua comitiva especial, para dar o tom e o peso da candidatura do gestor municipal mais popular do Brasil.

Ao som de brega funk, e com danças do tipo “passinho”, Campos entrou no palanque sendo recebido por aplausos e gritos. O feito do gestor, portanto, se destaca pela tão almejada diversidade no evento. Entre jovens e idosos, pobres e ricos, representantes dos diferentes partidos que compõem a Frente Popular do Recife compareceram na convenção.

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A frente popular é composta pelos PSB, PT, PCdoB, PV, MDB, PMB, União Brasil, Republicanos, Solidariedade, Avante, Democracia Cristã e Agir.

Discursos da convenção da Frente Popular do Recife

Muitos nomes importantes deram seu peso político à convenção da Frente Popular do Recife, sendo o primeiro o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB). Apesar de correligionário, o parlamentar é opositor declarado da governadora, Raque Lyra (PSDB), e não deixou de tecer críticas à gestão estadual.

Porto foi o primeiro a falar, declarando seu lado político atual de maneira clara e sucinta. “A gente não pode fazer política em cima do muro”, afirmou. E reafirmou sua posição contrária ao governo do estado, “com um governo do estado que não faz entrega”, disse Porto, criticando a vice-presidente nacional de seu partido.

João Campos conseguiu reunir nomes significativos no evento, e deram o tom esperado para uma possível reeleição do prefeito. Teresa Leitão e Humberto Costa, por exemplo, representaram não apenas seus cargos como senadores, mas também o PT. O partido, apesar de expressivo em sua militância, não conseguiu a vice, mais uma vez, tendo “perdido” para a indicação do PCdoB de Luciana Santos.

Teresa Leitão, reforçando o tom conciliador de todos os presentes, afirmou que a militância do PT estará presente em toda a campanha. “Os vermelhinhos, os pontinhos vermelhos, João, vão se juntar a esse mar amarelo e vão fazer bonito também nessa campanha”, declarou a parlamentar.

Já Humberto Costa retomou a menção ao presidente da República. “Estamos com você também porque você tem coerência política, tem o caminho que segue sempre, e tem a relação mantida conosco, com o presidente Lula. O processo de construção política é importante. E você, não somente tem feito justiça, aquilo que o presidente Lula tem feito nessa cidade, como, assim como seu pai, sempre soube ter projetos de ações para captar recursos e beneficiar a situação dessa cidade”, disse o senador. n

Apoio ministerial à campanha

Outros reforços presentes no evento foram de ministros de Estado, representando, a princípio, seus partidos políticos. Compareceram a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, assim como ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos). Além deles, o ministro e presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), compareceu, representando diretamente o presidente Lula (PT).

A ex-vice-governadora de Pernambuco reafirmou seu posicionamento político, fazendo coro aos apoios já declarados. “Eu, como presidente nacional da Federação Brasil-Esperança, e também no PC do B, quero saudar mais uma vez essa convenção. E dizer, João, que nós temos a confiança em você e na chapa que você está constituindo. É uma chama de uma construção política, que tem o Victor Marques como candidato a vice-prefeito, e essa frente de candidatos a vereadores e vereadoras que farão muita diferença nessa disputa”, declarou.

O presidente estadual do Republicanos, ministro Silvio Costa Filho, também falou e reforçou a confiança no candidato, assim como fez coros aos demais, mencionando seu pai e ex-governador Eduardo Campos, falecido há quase dez anos. “João Campos não é apenas mais o filho da esperança. É a esperança que os recifenses já depositam em João. E eu não tenho dúvida, João, aonde o ex-governador Eduardo Campos estiver, ele está muito orgulhoso de você”, disse.

O presidente em exercício Geraldo Alckmin, que é correligionário de Campos, fez votos de uma boa campanha. “Fico muito feliz em trazer aqui o meu abraço, João, desejando uma belíssima campanha que começa com a festa do Povo, junto das pessoas. Há grandes homens, que perto deles a gente se sente pequeno. Mas o verdadeiro grande homem é aquele que, junto a ele, a gente pode se sentir grande”, disse, de forma poética.

Família presente, dentro e fora da política

Marcando presença não apenas em discursos, João contou com a participação ativa de familiares, como seu irmão, o deputado federal Pedro Campos (PSB-PE) e de sua prima e vice-presidente regional do Solidariedade, Marília Arraes. Mesmo representando o partido dentro da Frente Popular, Marília falou no palanque enaltecendo os feitos do primo, como uma forma de retribuir o apoio que teve nas últimas eleições, em 2022, quando se candidatou ao governo de Pernambuco, pelo PT, perdendo no segundo turno para Raquel Lyra (PSDB).

“Pode contar comigo João, porque já faz um tempo que a gente mostra, mas hoje está oficializado. Por onde João Campos estiver no Recife, vocês saibam que Marília Arraes tá com ele. Por onde eu tiver no Recife, saibam que eu tô com João Campos. Cuide da nossa cidade, João, porque eu tô andando no estado, levando esperança e dizendo que em cada canto de Pernambuco, por onde a gente anda, João Campos é Marília Arraes, e Marília Arraes é João Campos”, declarou a ex-deputada federal.

Pedro Campos aproveitou o espaço também para enaltecer o trabalho do irmão nos últimos quatro anos, e lembrou de um ensinamento do pai, Eduardo Campos. “Eduardo sempre dizia que na vida a gente tem que sair de casa todo dia para matar um leão. Ele até brincava dizendo que não era para inventar de tentar matar dois não. Que se fosse tentar matar dois, ele ia te matar. Mas um leão por dia você tem que sair de casa para matar”, contou.

“E ele também nos ensinou, João, e nos ensinou de uma maneira que a gente sabe que são as coisas de Deus, que a gente tem que viver um dia de cada vez. A gente tem que viver sempre o hoje. É sempre hoje que a gente tem que enfrentar os desafios. E você chegou até aqui porque você viveu e venceu junto com esse time um dia de cada vez”, disse.

A mãe, Renata Campos, esteve sempre no palanque, e ficou na linha de frente no momento do discurso de João. O irmão caçula, Miguel, nascido no mesmo ano em que o pai morreu, também compareceu ao local para fotos e abraçar o candidato.

Chapa João e Victor discursam ao final da convenção da Frente Popular

Por fim, no momentos dos discursos finais os candidatos a prefeito e vice-prefeito declararam suas devoções à cidade e à campanha. Victor Marques, até então pouco conhecido pelo público, tem uma trajetória nos bastidores da política, há anos ao lado de Campos. Resumidamente, Marques reafirmou a confiança na gestão do pessebista. “Eu passaria o dia inteiro aqui, e sabe porquê? Ninguém me contou não, eu estava lá, todos os dias na prefeitura, eu estava lá. Nesse momento vai chegar gente com conversa bonita, dizendo que faz isso, faz aquilo. Quando chega lá não faz não. Porque precisa ter time, precisa saber fazer gestão, precisa ter gente cumprindo o papel”, afirmou.

Emocionado e ovacionado, João enxugou o suor e as lágrimas para discursar. “A gente tá aqui hoje significa que a gente nunca pode perder a capacidade de sonhar e de fazer aquilo que é certo e trabalhar e se dedicar e fazer as coisas”, declarou.

Campos não deixou de mencionar seu pai, tendo ele como exemplo a ser seguido na política. “Eu vi meu pai fazer isso, e me deu a oportunidade de começar a minha campanha para deputado, assim quando percorreu o estado inteiro”, contou.

João Campos também não deixou de reforçar o agradecimento ao apoio do presidente Lula, mesmo ele não estando presente. “Nossa gratidão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela condição política da formatura desse processo, compreendendo a cabeça do nosso partido, e o que a gente faz aqui”, disse.

O prefeito finalizou com a convocatória para a campanha, dando a energia necessária para começar a caminhada à reeleição, aparentemente quase certa na capital pernambucana. “A gente nunca pode perder essa essência, que é o caminho que nos trouxe. Mas como eu vi ser dito que a gente tá honrando, esse time tá honrando a camisa do povo do Recife fazendo com quem precisa e fazendo bem feito”, reforçou.