Partido Novo vai ao STF contra lei de Tarcísio que criou penduricalho para Procuradores

O processo foi distribuído ao gabinete da ministra Cármen Lúcia

Partido Novo vai ao STF contra lei de Tarcísio que criou penduricalho para Procuradores

Partido Novo move ação no STF contra Tarcísio Foto: Mônica Andrade/Governo do Estado de SP

O Partido Novo entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar a lei do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que criou uma licença por “excesso de trabalho” para os procuradores do Estado. O processo foi distribuído ao gabinete da ministra Cármen Lúcia.

O partido afirma que a lei é inconstitucional porque sua aprovação ocorreu na Assembleia Legislativa sem uma estimativa do seu impacto orçamentário. E também destaca que, todavia, na avaliação do Partido Novo, viola os princípios da moralidade e da eficiência na administração pública.

Ação do Partido Novo

Para o partido Novo, o benefício funciona, na prática, como um aumento de salário indireto para uma carreira específica. Ademais, a ação também alerta para o crescimento permanente das despesas de pessoal no Estado.

O benefício teve a criação a partir de um projeto de lei apresentado pelo próprio Tarcísio, que pediu urgência na votação do texto. A lei cria uma licença “compensatória” por “excesso de trabalho” para os procuradores do Estado. Quem estiver sobrecarregado, portanto, poderá tirar um dia de folga a cada três trabalhados, até o limite de sete dias de descanso no mês, ou receber o valor em dinheiro.

De acordo com as novas regras, o penduricalho em dinheiro deve ocorrer quando o procurador, “por necessidade do serviço”, não puder tirar as folgas. Como o projeto parte da premissa do excesso de trabalho, a tendência é que as indenizações se sobreponham aos dias de descanso, ou seja, que se tornem mais um “extra” fora do teto remuneratório.

Remunerações

O salário inicial dos procuradores do Estado de São Paulo é de R$ 38,9 mil.

Podem pedir a licença – ou reembolso – os procuradores que trabalharem em finais de semana ou feriados para atender “providências extrajudiciais ou judiciais”, que estiverem cobrindo colegas durante férias ou licença e que acumulem funções em grupos de trabalho, comitês, mutirões, programas de colaboração ou “quaisquer atividades públicas relevantes”.

O Partido Novo avalia que esse passivo se tornará uma espécie de bola de neve no longo prazo. Isso porque, argumenta o partido, as atividades devem se acumular ainda mais com as folgas, devido a ter menos dias trabalhados por mês.

“É inimaginável cogitar que um servidor público, por excesso de serviço, poderá ter direito a 7 (sete) dias de folga (leia-se: de licença) por mês. Mais do que não imaginável, é imoral”, diz um trecho da ação.

A ideia de acionar o STF, todavia, partiu do deputado estadual Leonardo Siqueira (Novo), que votou contra o projeto de lei, aprovado no mês passado na Assembleia Legislativa de São Paulo.

O Novo calcula que, se todos os 915 procuradores do Estado em atividade pedirem mensalmente os sete dias de licença em dinheiro, o custo do penduricalho pode chegar a R$ 101 milhões por ano.

Custeio do penduricalho

Os penduricalhos serão custeadas com recursos do fundo de administração da Procuradoria Geral do Estado. Criado em 1976, ele é alimentado por verbas de honorários. O Governo de São Paulo e a Associação dos Procuradores do Estado, entretanto, não informaram quanto há no fundo. O balanço contável de 2023 informa que há R$ 36,5 milhões nesse fundo.

Em entrevista ao Estadão, o presidente da Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo, José Luiz Souza de Moraes, garantiu que a licença não será usada como uma “farra do boi” e que os servidores só vão pedir compensações por trabalhos “extraordinários”.

Já a PGE alega que a licença é um “instrumento de gestão já adotado por outras carreiras jurídicas nos três níveis de governo”.

Essa é mais uma ofensiva contra o governador no STF. Tarcísio já enfrenta outras duas ações no tribunal, que questionam seu novo programa de escolas cívico-militares e as mudanças na política de câmeras corporais na Polícia Militar.

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