General Heleno foi monitorado por ‘Abin paralela’ do Governo Bolsonaro, diz jornal
Desconfiança de um Jair Bolsonaro recém-rompido com Sérgio Moro, à época, teria motivado espionagem
março 27, 2024 - 2:42 pm

Colunista do jornal O Globo diz que general Augusto Heleno foi monitorado pela Abin Paralela. Foto: Lula Marques/Agência Brasil
O general Augusto Heleno foi monitorado pela “Abin paralela” quando comandava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). A informação, da Polícia Federal (PF), foi passada à jornalista Renata Agostini, do jornal O Globo.
A “Abin paralela” foi um grupo que utilizou da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar, ilegalmente, políticos e juristas do país, no intuito de orquestrar a tentativa de golpe de Estado, que manteria Bolsonaro no poder.
Segundo a reportagem, o gabinete paralelo da Abin espionou o general por meio do programa espião “FirstMile”. O aplicativo encontra aparelhos celulares por meio de geolocalização. Os dados da investigação mostram que um número de celular que pertencia a Heleno foi consultado 11 vezes, em maio de 2020. O aparelho era para fins exclusivamente profissionais e estava sob registro da agência.
Pessoas próximas a Heleno dizem que o ex-ministro usou diversos números fornecidos pelo governo durante os quatro anos em que foi chefe do GSI. No mesmo período, ele manteve a sua linha de telefone pessoal, mas ela não foi alvo de monitoramento. Como o general era próximo a Bolsonaro, a PF se mostrou surpresa com a espionagem, segundo o jornal.
Além disso, o ex-ministro do GSI é suspeito de comandar uma estrutura informal de inteligência durante o Governo Bolsonaro, infiltrando agentes em campanhas em 2022. A informação consta em uma confissão gravada durante uma reunião ministerial. O áudio da reunião está com a PF desde o ano passado.
Desconfiança
O general Heleno foi alvo de desconfiança de Jair Bolsonaro, em uma época em que o ex-presidente filtrava sua confiança aos aliados. Semanas antes da espionagem feita pela Abin, o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR) pediu demissão do cargo de ministro da Justiça após acusar o então presidente de tentar interferir na Polícia Federal. Heleno tentou mediar a relação do “herói” da Lava Jato com o ex-mandatário, mas não obteve sucesso.