PF aponta que Bolsonaro colaborou na elaboração da minuta do golpe
Jair Bolsonaro foi o principal alvo da operação da Polícia Federal (PF) para apurar a estruturação da tentativa de golpe
fevereiro 8, 2024 - 12:31 pm

A Polícia Federal apontou que Jair Bolsonaro ajustou a minuta do golpe. O documento indicava a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o relatório da PF.
O ex-presidente, ex-ministros e militares da ativa foram alvo da Operação Tempus Veritatis, na manhã desta quinta (8). A investigação apura o envolvimento de Bolsonaro com núcleos que atuaram em duas frentes para concretizar o golpe de estado.
Parte dos investigados disseminava fake news para enfraquecer o sistema eleitoral, enquanto a outra organizava manifestações e acampamentos para pressionar pela permanência de Bolsonaro no poder.
O que diz a PF sobre a minuta do golpe
Alexandre de Moraes autorizou a operação desta quinta e contou com aval da Procuradoria-geral da República (PGR). Uma mensagem enviada pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, ao general Freire Gomes sinalizou que o ex-presidente estava ajustando o decreto.
Bolsonaro também teria convocado reuniões com militares da ativa para tratar sobre a instalação do regime de exceção. Para a PF, a movimentação demonstra que atos executórios estavam em andamento.
De acordo com o relatório da PF, “elementos informativos colhidos revelaram que Jair Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto apresentado por Filipe Martins e Amauri Feres Saad para executar um golpe de Estado”.
A minuta, diz a PF, “decretava a prisão de diversas autoridades, entre as quais os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e por fim determinava a realização de novas eleições”.
Além disso, foram realizados ajustes na minuta a pedido de Bolsonaro.
“Após a apresentação da nova minuta modificada, Jair Bolsonaro teria concordado com os termos ajustados e convocado uma reunião com os comandantes das forças militares para apresentar a minuta e pressioná-los a aderir ao golpe de Estado”, acrescentou a PF.
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Golpe previa novas eleições
O documento determinava novas eleições e a prisão dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do STF, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD). Bolsonaro teria orientado a apenas a retirada dos nomes de Pacheco e Gilmar do decreto.
A rotina de Alexandre de Moraes era espionada, porque a ideia era prendê-lo assim que a minuta tivesse validade.
Alexandre de Moraes determinou que Jair Bolsonaro entregue passaporte em 24 horas e o proibiu de manter contato com outros investigados.