Saiba como atuavam Mauro Cid, Anderson Torres na tentativa de golpe
Atuação dos envolvidos foi dividida em núcleos de trabalho, com atribuições específicas entre militares e grupos de desinformação
fevereiro 8, 2024 - 3:20 pm

Atos antidemocráticos do 8 de Janeiro tentaram consolidar golpe de Estado. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (8), a Operação Tempus Veritatis, que investiga suspeitos de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, entre eles, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL). As prisões preventivas já confirmadas são de Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro; Marcelo Câmara, coronel do Exército; Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército; e Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército.
Na tarde desta quinta-feira (8), o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou a íntegra da decisão que autorizou a operação, assinada pelo ministro Alexandre de Moraes. No detalhamento, a atuação dos suspeitos é dividida por núcleos de trabalho. Há envolvidos com responsabilidade de articulação entre militares, outros responsáveis pelas disseminação de informações falsas nas redes, por exemplo.
Núcleo de desinformação
De acordo com o STF, este grupo foi responsável pela produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à lisura das eleições presidenciais de 2022. O objetivo era estimular seguidores a permanecerem na frente de quarteis e instalações das Forças Armadas, ambientando o golpe de Estado.
Eram integrantes do núcleo o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o delegado e ex-ministro Anderson Torres, o major Angelo Martins Denicoli, o empresário argentino Fernando Cerimedo, Eder Lindsay Magalhães Balbino, o “gênio de Uberlândia; o coronel Hélio Ferreira Lima, o coronel Guilherme Marques Almeida, o major Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros e Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro.
Núcleo responsável por incitar militares à aderirem ao golpe
Atuava na eleição de alvos para amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investidas golpistas. Os ataques eram realizados a partir da difusão em múltiplos canais e através de influenciadores em posição de autoridade perante a “audiência” militar.
Integravam o núcleo o ex-ministro da Casa Civil Walter Souza Braga Netto, os militares Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, Ailton Gonçalves Moraes Barros, Bernardo Romão Correa Neto e Mauro Cesar Barbosa Cid.
Núcleo jurídico
Atuava no assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado. Integravam o núcleo o ex-assessor de Bolsonaro, Filipe Garcia Martins Pereira, Anderson Gustavo Torres, o advogado Amauri Feres Saad, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva e Mauro Cesar Barbosa Cid.
Núcleo operacional de apoio às ações golpistas
Responsável pela coordenação e interlocução com o então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid. Realizavam reuniões de planejamento e a execução de medidas no sentido de manter as manifestações em frente aos quarteis militares, incluindo a mobilização, logística e financiamento de militares das forças especiais em Brasília
Integravam o núcleo os militares Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Bernardo Romão Correa Neto, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Alex de Araújo Rodrigues e Cleverson Ney Magalhães.
Núcleo de inteligência paralela
Atuavam na coleta de dados e informações que pudessem auxiliar a tomada de decisões de Bolsonaro na consumação do golpe. Além disso, monitoravam o itinerário, deslocamento e localização do ministro Alexandre de Moraes e de possíveis outras autoridades. Integravam o grupo o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno, o coronel Marcelo Costa Câmara, e Mauro Cid.
Núcleo da alta patente
Utilizavam da alta patente militar que detinham para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação, por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas para consumação do Golpe de Estado.
Integravam o núcleo o ex-ministro Braga Netto, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, os generais Mario Fernandes, Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira e Laércio Vergílio; e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.