CPMI: General Heleno nega ter conhecido ‘minuta do golpe’

Não adepto à tese de houve ‘tentativa de golpe’, militar alegou jamais ter tratado de assuntos eleitorais junto aos subordinados no GSI

CPMI: General Heleno nega ter conhecido ‘minuta do golpe’

Em um depoimento marcado por negações, o general Augusto Heleno alegou, nesta terça-feira (26), à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, que não teve conhecimento da “minuta do golpe”, que circulou no último ano. O documento foi apreendido pela Polícia Federal (PF) na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. 

Essa minuta teria sido apresentada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a militares de alta patente, com uma proposta de decreto para que se instaurasse um estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Questionado pela relatora da CPMI do 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o general declarou: “Nunca nem ouvi falar [da minuta]. O presidente da República disse várias vezes, na minha presença, que ele jogaria dentro das quatro linhas. Eu não tive intenção, em nenhum momento, de fazê-lo sair das quatro linhas. Não era minha missão; pelo contrário, era o Gabinete de Segurança Institucional, ou seja, manter a segurança da República Federativa”. 

Mais adiante, a testemunha também disse que “jamais” tratou de assuntos eleitorais com os seus subordinados no GSI da última gestão. Ainda de acordo com o militar, ele já estava fora do cargo quando os manifestantes invadiram os prédios dos Três Poderes em Brasília. 

“Jamais me vali de reuniões, palestras e conversas para tratar de assuntos eleitorais com meus subordinados no GSI. O único ser político do GSI era eu mesmo. Deixei de ser ministro no dia 31 de dezembro e daí em diante não fiz mais contato com os servidores GSI, portanto, não tenho condições de prestar esclarecimentos sobre o 8 de janeiro“, disse Heleno. 

A convocação de Heleno ganhou força na CPMI após a revelação de trecho da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro. Cid relatou que Bolsonaro discutiu, em uma reunião em 2022, a possibilidade de um golpe com comandantes das Forças Armadas. O general participa da CPMI com direito garantido ao silêncio, para não se incriminar.  

Íntegra da comissão, pela TV Senado: