Em nota, profissionais de saúde de PE repudiam Bolsonaro

O manifesto é assinado por 1.458 trabalhadores, que criticam “atitude negacionista” do presidente diante da pandemia do novo coronavírus

Por meio de nota, um total de 1.458 profissionais de saúde de Pernambuco criticam “o comportamento irresponsável de “algumas autoridades brasileiras” diante da pandemia do novo coronavírus. O texto destaca a “atitude negacionista” atribuída ao governo federal, que segue estimulando, na figura do presidente Jair Bolsonaro, a utilização de medicamentos cujos resultados são rechaçados pela comunidade científica no tratamento da covid-19.

O Brasil já perdeu 211.491 vidas para a covid-19, tendo registrado 8.573.864 casos da doença. “A atitude negacionista do governo federal é diretamente responsável por essa triste estatística. Quando a autoridade máxima do país despreza as medidas de isolamento social incita seus seguidores a fazerem o mesmo. No meio da maior catástrofe sanitária do século, o Ministério da Saúde está nas mãos de uma equipe ineficiente na coordenação da crise. Não há planejamento estratégico. Uma fortuna foi investida na compra de tratamentos sabidamente inúteis, enquanto faltam insumos e aparelhos que salvam vidas, como oxigênio e ventiladores”, diz o texto.

Em outro trecho, os trabalhadores destacam ainda a ausência de um “programa efetivo de imunização”. “Nós abaixo assinados, em organização suprapartidária, partindo da percepção que o momento exige sensibilidade, racionalidade e compaixão, reiteramos nossa defesa da ciência como norte e nosso repúdio à adoção sistemática de discursos negacionistas, à propagação de tratamentos falaciosos e informações falsas e à inércia das autoridades”, completa o manifesto.

Leia a nota na íntegra:

“MANIFESTO

Nós, que somos profissionais de saúde em Pernambuco, assistimos estarrecidos ao desenrolar da pandemia do Covid 19 e ao comportamento irresponsável de algumas autoridades brasileiras. São mais de 200.000 vidas perdidas, com a alarmante previsão de aumento significativo desse número nas próximas semanas. Somos o segundo país em número de mortes em todo o mundo. A atitude negacionista do governo federal é diretamente responsável por essa triste estatística. Quando a autoridade máxima do país despreza as medidas de isolamento social incita seus seguidores a fazerem o mesmo.

No meio da maior catástrofe sanitária do século, o Ministério da Saúde está nas mãos de uma equipe ineficiente na coordenação da crise. Não há planejamento estratégico. Uma fortuna foi investida na compra de tratamentos sabidamente inúteis, enquanto faltam insumos e aparelhos que salvam vidas, como oxigênio e ventiladores. Enquanto assistimos dezenas de países seguirem com campanhas de vacinação organizadas e exitosas, permanecemos sem previsão de um programa efetivo de imunização.

O silêncio de nossas lideranças médicas permite que tratamentos ineficazes e até danosos continuem a ser amplamente prescritos. É preciso deixar claro que não existe medicação que possa prevenir ou tratar precocemente a COVID19! É preciso esclarecer a população que o processo de vacinação precisa ser um pacto coletivo e por isso deve ser obrigatório, pois este é o único caminho seguro para o fim da pandemia.

Nós abaixo assinados, em organização suprapartidária, partindo da percepção que o momento exige sensibilidade, racionalidade e compaixão, reiteramos nossa defesa da ciência como norte e nosso repúdio à adoção sistemática de discursos negacionistas, à propagação de tratamentos falaciosos e informações falsas e à inércia das autoridades. Estamos de luto pelas milhares de vidas perdidas e compreendemos que é um dever histórico levantar nossas vozes.

Compreendendo o papel social dos profissionais de saúde como formadores de opinião, não podemos continuar calados e omissos frente a tantos desmandos. É preciso que a sociedade se posicione e se organize, para que possamos reverter a triste situação em que nosso país se encontra! É preciso dizer “BASTA” a tanto desmando! Exigimos medidas mais enérgicas no enfrentamento à crise sanitária, com reforço das medidas preventivas, início imediato de um programa estruturado de imunização da população e garantia da disponibilidade de serviços e insumos para tratamento dos doentes.

Recife, 18 de janeiro de 2021″.