Campanha reúne manifestações nas redes sociais contra desmatamento para construção da Escola de Sargentos no Grande Recife
O projeto inicial da Escola de Sargentos das Armas, do Exército Brasileiro, prevê a supressão de cerca de 200 mil árvores
março 25, 2025 - 7:10 pm

Foto: Júlio Gomes/Arquivo/LeiaJá
Uma campanha nas redes sociais vem aumentando a conscientização da população acerca da questão do desmatamento de parte da Área de Preservação Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, no Grande Recife, para a construção da Escola de Sargentos das Armas, do Exército Brasileiro. Uma página no Instagram reúne vídeos de políticos e artistas se manifestando contra o projeto, que envolve a supressão de cerca de 200 mil árvores para dar lugar ao centro de formação.
A deputada Rosa Amorim (PT), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), participou do movimento. A parlamentar afirma que a escolha do local para a construção da escola deveria passar por reavaliação. “Um empreendimento com um potencial importante, mas que não pode estar acima da preservação do meio ambiente”, disse.
A vereadora de Olinda, Eugênia Lima (PT), também compartilhou um vídeo, alertando para o risco de aterramento da nascente do Rio Catucá, que abastece a Barragem de Botafogo, que leva água para municípios da Região Metropolitana do Recife (RMR). “Vamos pedir pelo desmatamento zero, e para que o impacto não seja maior nas famílias desses municípios”, afirmou.
A página reúne ainda vídeos de artistas como Otto, Maciel Melo e Geraldo Maia, e do surfista de ondas gigantes, Carlos Burle.
Desmatamento é uma das pautas da COP 30
A pauta do desmatamento em uma APA é um dos pontos mais levantados na página. O assunto é um dos temas que norteiam a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que acontecerá de 10 a 21 de novembro em Belém, no Pará. De acordo com a organização não-governamental WWF Brasil, o tópico é fundamental para combater o avanço das mudanças climáticas em todo e qualquer território. “Além de contribuir para o avanço das mudanças climáticas, o desmatamento leva a perdas de produtividade do solo, à redução da biodiversidade, à extinção de espécies e também afeta os povos e comunidades tradicionais”, diz a ONG.
Ativistas ambientais seguem se manifestando de todas as formas para trazer a conscientização à população sobre o assunto. É o caso, por exemplo, do ambientalista Milton Tenório, que também mora no bairro de Aldeia, onde será construída a Escola. “Com a destruição de cerca de 200 mil árvores, essa obra representa não apenas um crime ambiental, mas também um exemplo grotesco do negacionismo climático que permeia as esferas de poder em Pernambuco”, afirma.