Fundação Altino Ventura, no Recife, registra 17 casos de trauma ocular por armas de gel em quatro dias

Segundo a FAV, o material pode até levar à perda da visão em casos mais extremos

Fundação Altino Ventura, no Recife, registra 17 casos de trauma ocular por armas de gel em quatro dias

Crianças brincam com armas de gel em comunidade no Recife. Foto: Reprodução/Instagram

A Fundação Altino Ventura (FAV), no Recife, recebeu, em apenas quatro dias, 17 pacientes que apresentaram algum tipo de trauma ocular após serem alvo de disparos de armas de gel. Também conhecidas como “gel blasters”, as armas de gel são simulacros de arma de fogo, no mesmo estilo das airsofts e têm se tornado populares na capital e região metropolitana.

As balas de gel têm polímero superabsorvente na composição e podem causar lesões graves ao atingir regiões sensíveis, como os olhos. Segundo a FAV, o material pode até levar à perda da visão em casos mais extremos. A fundação chamou o aumento de ocorrências de “expressivo” e alertou para o perigo da brincadeira com as armas.

“Atendemos 17 pacientes com a mesma queixa. Eles apresentavam sangramento ocular, inflamação conjuntival e uveíte, uma inflamação do tecido vascular interno do globo ocular que requer tratamento prolongado para evitar sequelas visuais. Pelas lesões encontradas, o impacto desses projéteis parece ser muito significativo”, alertou a oftalmologista e vice-coordenadora do Departamento de Cirurgia Refrativa da FAV, Camila Moraes.

Os atendimentos aconteceram entre 30 de novembro e 3 de dezembro, na unidade da Boa Vista, Centro do Recife. Ainda segundo Camila Moraes, a maior preocupação dos especialistas é que a brincadeira gere impactos irreversíveis à visão.

“Nossa maior preocupação é que esses traumas podem causar ruptura das camadas da retina, levando a descolamento de retina mesmo semanas após o impacto. Isso significa que crianças podem ter a visão comprometida e, sem perceber, não relatar isso aos pais, o que pode resultar em cegueira irreversível”, acrescenta.

Brincadeira com armas de gel provocou morte no Grande Recife

No último dia 25 de novembro, um homem de 26 anos foi morto a tiros após uma discussão durante uma guerra com armas de gel, no Córrego do Abacaxi, em Olinda, Grande Recfe. A vítima, identificada como Guilherme, celebrava o aniversário com amigos. Informações de testemunhas alegam que o jovem brincava de “guerra de bolinhas de gel” com uma airsoft e uma das balas atingiu uma mulher no quadril.

O companheiro da mulher teria discutido com Guilherme e atirado nele à queima-roupa, com uma arma de fogo. Após os disparos, o suspeito fugiu do local.

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