Brasil registrou quase 3 mil ataques de abelhas por mês em 2023
Mudanças climáticas estão afetando o padrão de distribuição das abelhas, que estão procurando as cidades em busca de alimento
setembro 25, 2024 - 1:57 pm
Foto: Pixabay
No ano de 2023, o Brasil registrou, aproximadamente, 33 mil acidentes por picadas de abelhas. Entre os casos reportados, os acidentes de picada de cobra e de abelhas apresentaram as maiores taxas de letalidade, totalizando 0,43% e 0,37%, respectivamente, no referido ano.
A relevância dos acidentes envolvendo animais peçonhentos para a saúde pública é evidenciada pelo aumento significativo no registro de acidentes e óbitos a cada ano, resultantes de diversas formas de envenenamento. Eles têm crescido a cada ano, devido a fatores como a expansão da ocorrência de espécies bem adaptadas à convivência humana, o avanço desordenado da ocupação humana e as alterações climáticas.
“As abelhas, normalmente, quando estão fora de suas colmeias, não representam um risco de causar acidentes, a menos que se sintam ameaçadas. A interação entre humanos e abelhas, especialmente em ambientes rurais e urbanos, destaca a importância de medidas preventivas eficazes. A remoção segura de colônias próximas a áreas habitadas, o uso de equipamentos de proteção pelos trabalhadores rurais e a conscientização da população são fundamentais para a redução dos acidentes”, explica Francisco Edilson Ferreira, coordenador-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde.
LeiaJá também: Idoso morre após ataque de abelhas no Agreste de Pernambuco
“Outro fator importante é que as mudanças climáticas estão afetando o padrão de distribuição das abelhas, que estão procurando as cidades em busca de alimento e interferindo na ocorrência de acidentes”, complementa.
Por que as abelhas atacam?
As abelhas são conhecidas pela produção de mel e exercem papel fundamental de polinização vegetal. Algumas espécies formam sociedades com apenas uma abelha-rainha, vários zangões e as abelhas operárias.
Em situação de perigo ou quando provocadas, as operárias reagem com o ferrão e dão a picada. Ao picar, elas perdem o ferrão e morrem em seguida. Ao atacar nas proximidades de um enxame, as primeiras abelhas liberam um feromônio que faz com que outras também ataquem o mesmo alvo, o que pode causar um acidente com centenas de picadas.
Como evitar acidentes
– A remoção das colônias de abelhas situadas em lugares públicos ou residências deve ser efetuada por profissionais devidamente treinados e equipados, preferencialmente à noite ou ao entardecer, quando os insetos estão calmos;
– Evite caminhar e correr na rota de voo das abelhas;
– Evite aproximar-se de colmeias de abelhas africanizadas sem estar com vestuário e equipamentos adequados (macacão, luvas, máscara, botas, fumigador);
– Barulhos, perfumes fortes, desodorantes, o próprio suor do corpo e cores escuras (principalmente preta e azul-marinho) desencadeiam o comportamento agressivo e, consequentemente, o ataque de abelhas;
– Sons de motores de aparelhos de jardinagem, por exemplo, trazem irritação às abelhas. O mesmo ocorre com som de motores de popa;
– No campo, o trabalhador deve ficar atento para a presença de abelhas, principalmente no momento de arar a terra com tratores.
Primeiros socorros
– Lave a região afetada com água e sabão;
– Remova os ferrões da pele com lâmina ou agulha, sem pressioná-los;
– Evite retirá-los com pinças, pois estas podem provocar a compressão dos reservatórios de veneno, causando a inoculação do veneno ainda existente no ferrão;
– Não realize procedimentos caseiros e procure imediatamente o serviço de saúde de referência para os acidentes por animais peçonhentos.
Mais antivenenos
O Ministério da Saúde adquiriu, em seu último contrato, junto ao Instituto Butantan, 450 mil frascos de antivenenos para o atendimento de todos os acidentes por animais peçonhentos que são tratados com estes imunobiológicos no SUS.
O aumento na disponibilidade de antivenenos faz parte da estratégia para que o Brasil alcance os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que prevê a redução de 50% da mortalidade decorrente de acidentes ofídicos – com cobras ou serpentes – até 2030.
No caso das abelhas, um soro antiapílico se encontra em fase de testes e foi desenvolvido pelo Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (CEVAP/UNESP) em parceria com o Instituto Vital Brazil e o Butantan. Ele é voltado para a picada maciça de abelhas africanizada (Apis mellifera), não servindo para os casos de reação alérgica.
Da assessoria do Ministério da Saúde