Supermercados no Recife limitam a venda de pacotes de arroz

Com o arroz mais caro nas prateleiras, os supermercados limitaram a quantidade de pacotes que cada cliente pode levar para casa 

Supermercados no Recife limitam a venda de pacotes de arroz

Aviso sobre o controle da venda de arroz em supermercado. Foto: Cortesia

A alta do arroz provocada, em teoria, pelas enchentes no Rio Grande do Sul preocupa os consumidores do Recife. Nesta segunda (20), o LeiaJá visitou quatro supermercados para entender como a suposta crise no abastecimento do grão vem impactando na alimentação. Os estabelecimentos controlam a venda para permitir que mais pessoas tenham acesso ao produto. 

Entre os estabelecimentos localizados na Iputinga, Cordeiro, Caxangá e Bongi, todos na Zona Oeste do Recife, o preço do arroz branco variou de R$ 5,99 e R$ 8,39, enquanto o integral foi de R$ 6,99 a R$ 11,69. Em três dessas unidades, há avisos sobre o limite de fardos por cliente. 

“Compre logo porque vai aumentar mais. Ele deve chegar a R$ 11, R$ 12”, alertou o funcionário de uma das lojas, enquanto os clientes buscavam o valor mais acessível. “Nunca comprei desse, mas dessa vez vou arriscar”, respondeu uma senhora. 

A dona de casa Miriam Correia conta que a alta do arroz ainda não afetou sua cozinha, mas os valores preocupam. Ela disse que levou mais pacotes para casa na última feira e voltou ao mercado com a esperança de repor a despensa. 

“Eu nem comprei. Vou tentar substituir por outra coisa e ver nos outros supermercados se tem promoção. O meu dia a dia tá normal porque eu já tinha um ‘estoquezinho’, mas ele tá acabando e o preço tá lá em cima. Se eu soubesse, tinha aumentado o estoque”, relatou a dona de casa.  

Miriam relata que preferiu não levar o produto. Foto: LeiaJá

O gerente comercial José Queiroz optou por marcas mais em conta para manter o arroz na alimentação. Sem confiança na normalização dos preços, ele acredita que o arroz vai ficar mais caro. 

“O arroz tá muito caro, absurdamente. Até arroz de terceira e de segunda linha tá praticamente equiparado aos de primeira linha e, infelizmente, a gente não tem perspectiva que se baixe”, reprovou. 

José manteve o arroz nas compras mesmo com a alta do produto. Foto: LeiaJá

Dono de um mercadinho em Nova Descoberta, na Zona Norte do Recife, Igor Chagas revela que diminuiu em 20% a quantidade de arroz que costuma comprar para revenda. O comerciante ainda comentou que seus clientes compartilham da sua insatisfação, mas que não conseguiu segurar o preço.

“Tá todo mundo reclamando, né? Porque aumentou um bocado. A gente vai comprar agora e já é outro preço. Eu tô esperando para ver se é só especulação ou se vai voltar”, apontou Igor.    

Igor conta que seus clientes compartilham da sua insatisfação, mas que não conseguiu segurar o preço. Foto: LeiaJá

Diante da variação de preços, o Procon Recife informou que acompanha de perto a situação do arroz. “O trabalho de fiscalização que vem sendo realizado visa impedir a prática de preço abusivo. Caso seja identificada, o comércio será multado. Se houver reincidência, o estabelecimento será interditado, e o caso será encaminhado ao Ministério Público”, apontou em nota.

O órgão recebe denúncias de forma presencial em sua sede, na Rua do Imperador, 491, no bairro de Santo Antônio, na área central do Recife, e nos postos de atendimento nos Compaz (Ariano Suassuna, no Cordeiro; Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha; Dom Helder, no Coque; e Paulo Freire, no Ibura), das 8h às 17h.

Governo garante abastecimento de arroz

Apesar dos consumidores estarem apreensivos, o Governo Federal garante que não há risco de desabastecimento. Nesta terça (21), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve confirmar a importação de mais de 104 toneladas de arroz. O investimento federal deve atingir cerca de R$ 416,14 milhões. 

A proposta é congelar a alta do arroz e fazer com que o quilo chegue à mesa do consumidor brasileiro no valor máximo de R$ 4. 

“O arroz que vamos comprar terá uma embalagem especial do governo federal e vai constar o preço que deve ser vendido ao consumidor. O preço máximo ao consumidor será de R$ 4 o quilo”, informa o presidente da Conab, Edegar Pretto.