Réu da chacina de Poção é condenado a 74 anos de prisão
Julgamento do réu aconteceu na última segunda-feira. Ele foi condenado pelo homicídio de quatro pessoas em 2015, em Poção, no Agreste
fevereiro 27, 2024 - 6:20 pm

Organograma dos envolvidos na chacina de Poção, em 2015. Foto: LeiaJá/Arquivo
O Conselho de Sentença da 4ª Vara do Tribunal do Júri da Capital condenou, nesta terça-feira (27), um réu a 74 anos e oito meses de reclusão pelo assassinato de três conselheiros tutelares e a avó de uma criança de 3 anos, em 2015. O crime aconteceu no município de Poção, no Agreste do estado, mas ainda restam seis réus a serem julgados.
De acordo com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o julgamento de Wellington Silvestre dos Santos começou na segunda-feira (26). Para o promotor de justiça, Daniel Ataíde, o resultado é significativo para os familiares das vítimas. “Todas as provas colhidas pela investigação corroboravam para demonstrar a culpabilidade do réu Wellington e a população do Recife sinalizou, de forma positiva, a gravidade do fato que foi objeto do processo de hoje. Como dissemos em plenário, o Ministério Público atuou na defesa daqueles que, por paixão e vocação, se dedicam a proteger os Direitos Humanos das crianças”, afirmou.
Os outros seis acusados ainda não foram a julgamento devido à retirada do processo, que o MPPE apresentou e o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) deferiu. A marcação do julgamento ainda depende da apreciação, pelo Superior Tribunal de Justiça, de recursos impetrados pela defesa de um dos réus.
Como aconteceu o julgamento do réu
A sessão do Tribunal do Júri foi realizada no Fórum Thomaz de Aquino, no Centro do Recife, com a participação do réu por videochamada.
Os Promotores de Justiça iniciaram a atuação na segunda-feira, com a ouvida do delegado Erick Lessa. Ele era o coordenador da Delegacia Regional de Caruaru na época do crime e supervisionou as investigações. Os representantes do MPPE questionaram a testemunha sobre as diligências adotadas na época. O órgão ainda apresentou aos jurados a coleta de elementos que levaram à acusação de Wellington e mais seis pessoas como responsáveis pela morte das vítimas.
Logo em seguida, ocorreu o interrogatório do réu, que negou ter cometido o crime e alegou não conhecer a mandante e o articulador dos crimes, Bernadete de Lourdes de Britto Siqueira e José Vicente Pereira Cardoso da Silva, respectivamente. Os dois, juntamente com os demais réus, integram outro processo criminal sobre o mesmo crime, que ainda está em tramitação.
A etapa de debates entre o MPPE e a Defensoria Pública, que assistiu o réu, teve início na tarde da segunda-feira e terminou nesta terça-feira. Em seguida, o magistrado Abner Apolinário da Silva colheu as respostas dos jurados às perguntas e, tendo apurado o resultado, proferiu a sentença em plenário.
O crime
No dia 06 de fevereiro de 2015, o carro do Conselho Tutelar de Poção foi alvo de uma emboscada. Três conselheiros tutelares e a avó materna de uma criança de 3 anos de idade, que também estava no interior do veículo, morreram.
Wellington cometeu quatro homicídios qualificados, mediante pagamento e com característica de grupo de extermínio. As vítimas eram Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos, José Daniel Farias Monteiro, Carmem Lúcia da Silva, e Ana Rita Venâncio, avó materna da criança.
Desde as investigações, apontou-se que houve encomenda do crime por parte da avó paterna da menina. Bernadete de Britto Siqueira contratou grupo de extermínio para eliminar a família materna e garantir a guarda da menina.
Na época da denúncia, todos os réus estavam presos, exceto Wellington que ostentava condição de foragido. A captura aconteceu no dia 25 de outubro de 2016, e desde então aguardou julgamento do processo.