Sobrevivente relata como conseguiu deixar prédio em Olinda

Camila Jerônimo, de 32 anos, contou ao LeiaJá que conseguiu deixar os escombros passando pela entrada de ar-condicionado do seu apartamento, junto ao marido e à filha

Sobrevivente relata como conseguiu deixar prédio em Olinda

Camila Jerônimo, de 32 anos, era uma das moradoras do Edifício Leme, que desmoronou na noite dessa quinta-feira (27) em Jardim Atlântico, bairro de Olinda, no Grande Recife. Mãe de uma criança pequena, a sobrevivente relatou o cenário de desespero que viveu, logo após o prédio de três andares começar a ruir. “Foi um estrondo, uma explosão, uma neblina de fumaça e poeira, além de fogo”, disse Camila, que morava no local há cerca de um ano, junto ao companheiro e à filha. 

“Eu me desesperei, só queria sair dali e tirar a minha filha. Morávamos eu, ela e o pai dela, e saímos os três. A gente morava no primeiro andar. Deus me deu forças para arrancar a grade do ar-condicionado. O pai dela passou e pegou ela [a criança], e depois eu passei. Foi muito desesperador. Ela pedia, gritava: ‘chama o bombeiro’”, relatou Camila. De acordo com a mulher, cerca de 11 pessoas moravam no edifício, no lado que desabou. 

A Prefeitura de Olinda informou que o Edifício Leme estava interditado pela Justiça desde 2000 e que inúmeras ordens de demolição foram emitidas à construtora responsável, incluindo a aplicação de multa, mas o serviço nunca ocorreu. Na nota solicitada pelo LeiaJá, porém, a gestão não informou o motivo da nova ocupação não ter sido impedida ou fiscalizada no decorrer dos anos. 

“A Prefeitura de Olinda se solidariza com as famílias das vítimas e vai continuar atuando para que os prédios condenados do município sejam totalmente demolidos pelas seguradoras responsáveis”, informou o Executivo municipal. Agora, segundo Camila Jerônimo, os sobreviventes serão levados para um abrigo da cidade e incluídos no pagamento do auxílio moradia. 

O vizinho David Thrdardt, que há 20 anos mora em uma casa em frente ao Edifício Leme, comenta que já saiu de casa para se deparar com muita poeira e fogo. Ele havia saído para passear com seu cachorro, voltou para casa e, em cerca de 15 minutos, foi surpreendido com a tragédia. 

“Foram poucos minutos antes de eu chegar de um passeio, por volta das 22h. Cheguei, sentei no computador e em questão de 15 minutos, o prédio desabou. Escutei um estrondo forte, abri a porta e a poeira veio na minha cara. Coloquei uma máscara, fui aqui na frente ver o que tinha acontecido e me deparei com os escombros e com muito fogo. Muita gente gritando, pedindo socorro”, relatou David. Segundo ele, o cenário foi de “caos total”. “Os populares tentaram ajudar, mas quem estava lá dentro dos escombros, não conseguia sair, só realmente com o trabalho dos bombeiros”, acrescentou. 

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