Padre Julio Lancellotti é alvo de ameaça e perseguição

Cena foi protagonizada por morador do bairro da Mooca, incomodado com o trabalho social do sacerdote

Padre Julio Lancellotti é alvo de ameaça e perseguição

Padre Júlio Lancellotti, de 74 anos, referência no trabalho social com pessoas em situação de vulnerabilidade em São Paulo, foi alvo de mais um episódio de ameaças e perseguição, desta vez no bairro da Mooca, Zona Leste paulistana. O religioso publicou, nas redes sociais, um vídeo que mostra um homem alterado, gritando em direção ao padre e sua equipe. O agressor acusou Lancellotti de invadir a sua casa e ameaçou o projeto de rua da arquidiocese.

“Este morador da Mooca, hoje, invadiu a igreja, interrompeu a missa aos gritos e me insultou por causa da pastoral de rua. Jogou o celular contra nós e proferiu ameaças”, escreveu padre Julio em uma rede social.

A Pastoral do Povo de Rua pertence à Arquidiocese de São Paulo, da qual Lancellotti faz parte. O projeto cuida e reduz danos entre a população em situação de rua, com atenção prioritária às pessoas expostas a infecções sexualmente transmissíveis, usuários de drogas e mães solo. De acordo com o relato do padre, o homem já havia interrompido a missa desta sexta-feira (10), o que está registrado em vídeo, e também jogado um celular na intenção de machucar o sacerdote.

Em um outro registro, é possível ver o homem filmado chamando padre Julio e as pessoas assessoradas de “vagabundos” e insinuando que o trabalho do religioso corrobora com a violência e o uso de drogas.

Às 10h50 desta sexta-feira (10), Lancellotti, acompanhado do amigo e ativista Lucas Louback, caminhou até a Delegacia de Polícia Civil no bairro, levando o suposto agressor ao local. O momento foi transmitido ao vivo, mas interrompido no momento em que o atendimento foi iniciado. Não há informações sobre a identidade do invasor e nem se um boletim de ocorrência chegou a ser registrado.

Situação é recorrente

Ativista cristão, Padre Julio Lancellotti frequentemente precisa lidar com o discurso de ódio, especialmente por não seguir uma agenda conservadora e lidar com os mais pobres. Em outubro e dezembro, o religioso publicou capturas de tela de mensagens falando coisas como “vou passar por cima de você”, “padre vagabundo”, dentre outras ameaças de morte. 

Em 2020, ele chegou a registrar um boletim de ocorrência por ameaça após ter sido xingado por um motoqueiro enquanto fazia trabalho de atendimento a moradores de rua no Centro da cidade. À época, ele foi alvo de uma campanha de ódio alimentada pelo deputado Arthur do Val, o “Mamãefalei”.