Infectologista critica retomada do comércio em Pernambuco

Em entrevista ao LeiaJá, a médica Marcela Vieira reforçou que a reabertura é precoce e pode acarretar em um segundo pico de infecções

Infectologista critica retomada do comércio em Pernambuco

Em meio a mais uma etapa do Plano de Convivência que flexibiliza a volta das atividades econômicas em Pernambuco, o LeiaJá conversou com uma infectologista para avaliar os impactos da reabertura gradual. Nesta segunda-feira (8), os setores de construção civil e comércio atacadista, incluindo shoppings centers, já operam parcialmente. 

Para a infectologista Marcela Vieira, ainda é cedo para dar este passo. Ela credita a retomada precoce à pressão feita pelos seguimentos da economia e pontua: “a minha avaliação é que no momento [a reabertura] está sendo precipitada. Eu acho que precisaria de um tempo maior de avaliação da permanência desse decréscimo que tem acontecido em relação ao número de casos”.

Mesmo com a obrigatoriedade do cumprimento de protocolos sanitários e o monitoramento feito pela Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES), a infectologista acredita que a pressa pode acarretar em um segundo pico de contaminação. “A gente pode vir a ter um segundo pico, talvez não tão grande quanto a gente vivenciou em meados de maio, mas a gente pode vivenciar sim um novo aumento no número de casos”, projeta a especialista.

Em maio, as solicitações de internação na rede estadual ultrapassaram a marca de 2.100 pedidos. Após registrar mais de 300 pacientes na fila de espera por um leito de UTI, neste domingo (7), o governador Paulo Câmara anunciou que Pernambuco zerou as filas de UTI voltadas para Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).

Câmara também informou que a taxa de ocupação dos leitos voltados para pacientes com Covid-19 está em 76%, sendo 62% em enfermarias e 96% em UTIs. O levantamento estimula a continuidade da ampliação semanal da liberação do comércio.

Mesmo com os dados que apontam uma suposta estabilidade, a infectologista reafirma que ainda não é o momento ideal. “A gente tá vivenciando a desaceleração do número de casos, mas ainda temos cerca de 800 novos casos por dia. Então, no contexto de reabertura, isso pode representar um novo processo de “rebote” no número de casos”, esclareceu Vieira.

De acordo com o boletim epidemiológico emitido nesta segunda-feira (8), Pernambuco registrou 463 novos casos da Covid-19. Desses, 99 casos foram identificados como Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e 364 leves. Ao todo, o estado atingiu 40.705 pacientes infectados. Em relação às vítimas fatais, houve mais 45 óbitos e o levantamento atingiu 3.350 mortes em razão da pandemia.