Parque das Graças terá festival com 12 horas de programação

Evento reunirá shows, exposições, musicoterapia, gastronomia, entre outras atividades

abril 25, 2025 - 4:59 pm

Parque das Graças terá festival com 12 horas de programação

Parque das Graças. Foto: Edson Holanda/Prefeitura do Recife

O mais novo xodó de lazer ao ar livre e em meio à natureza da Zona Norte do Recife sedia um festival gratuito dedicado às múltiplas linguagens da música no sábado, 3 de maio, a partir das 9h. O Parque das Graças recebe o Palco Espiral, evento concebido para explorar a versatilidade sonora local e universal através da contribuição específica proporcionada por expressões artísticas diversificadas – da literatura às artes visuais, da performance cênica à palhaçaria, da musicoterapia às apresentações de grupos e cantores da cena fonográfica pernambucana.

A programação de shows reúne nomes consolidados no mosaico cultural do estado, como o compositor Juliano Holanda, bandas regionais, como Tertúlia, da Mata Norte, e atrações com perfil representativo de minorias socialmente excluídas, como o Trans Coco. O acesso ao público é gratuito e as 12 horas de atividades – artísticas, lúdicas e de conscientização sobre sustentabilidade – são para todas as idades.

As apresentações no palco principal começam às 9h, com o DJ Pré, escalado entre as atrações da manhã e sucedido, à tarde, pela colega DJ Makeda. O primeiro show é às 10h, do Trans Coco, considerado o primeiro grupo LGBTQIA+ de coco de roda do Brasil. Nascido do candomblé Ilê Axé Oxum Opará (Casa da Magia), em Igarassu, em 2020, tem a proposta de confrontar a transfobia e outras formas de intolerância contra a dignidade humana e ecoa a luta iniciada pela fundadora e líder religiosa Raphaella Ribeiro após ser vítima de preconceito no meio artístico.

A performance seguinte, às 11h30, é de O Curió, grupo de canto cênico formado a partir do Conservatório Pernambucano de Música, com repertório eclético tanto no estilo (do erudito ao popular e urbano) quanto nas composições (de todas as regiões brasileiras). O violinista, compositor e cantor Ítalo Soeiro engata uma combinação autoral de músicas criadas sob influência de ícones da sonoridade brasileira – de Caymmi a Dominguinhos – às 13h20. O músico é compositor de frevos, valsas, choros e bebe na fonte da genialidade de Capiba, Jota Michiles, Nelson Ferreira, entre outros nomes incontornáveis da música do estado.

A programação da tarde avança, a partir das 14h40, com show de Cássio Oli, cantor de Igarassu vencedor do Pré-AMP de 2019, dono de um repertório formado por releituras pop e contemporâneas de sons típicos de bandas marciais e fanfarras, com trajetória sob influência da música indie e do manguebeat. A cantora e compositora Laís Xavier apresenta, às 16h, Axioma, projeto artístico calcado entre a poesia e a intensidade para envolver o público com reflexões e sensações e preenchido por músicas pinçadas do EP lançado em 2020 (Aorta que nos guia) e outros singles da trajetória da artista. O grupo Tertúlia executa, às 17h20, composições próprias inspiradas em vivências, traços históricos, sociais e sentimentais da cidade natal Goiana, situada na Mata Norte. A poesia e a sonoridade construídas entre aspectos naturais e urbanos da região regem o show.

A noite do palco principal é reservada a duas apresentações. O cantor, compositor, escritor e artista visual Marcos estreia o projeto Transparentemente para debulhar, diante do público, o labirinto poético e sensorial das composições do primeiro álbum da carreira, batizado com o mesmo nome. A obra sintetiza as incursões criativas – entre fluxos líricos, surrealistas e “docilidades cortantes” – das inovações e da diversidade características do artista polivalente. O encerramento é conduzido por Juliano Holanda, diretor da mostra Reverbo, cantor, compositor e figura prestigiada da cena pernambucana com trabalhos em trilhas sonoras de TV, cinema e parcerias com ícones nacionais da música, a exemplo de Zélia Duncan, Elba Ramalho, Filipe Catto, Amelinha.

Mais artes

O festival também acomoda artesanato, gastronomia, moda, literatura, exposições, feira de economia criativa, apresentações de grupos culturais e ações educativas e de sustentabilidade. A proposta é conciliar uma visão abrangente da música com ocupação do espaço coletivo da cidade através da arte e da conscientização. Na programação, escritores, artistas visuais, palhaços, arte-educadores, musicoterapeutas, realizadores de matizes distintas. O evento tem perfil inclusivo através da disponibilização de recursos de acessibilidade – com audiodescrição na visita guiada pelo festival e intérpretes de Libras durante os shows.

“A proposta é envolver várias linguagens da atividade artística para mostrar como se inspiram na música e proporcionar um mergulho diversificado e qualificado na cultura em um espaço destinado a todos”, observa o produtor cultural e curador do festival, Rodrigo Silva. Pela manhã (às 9h), tem Grupo Pipoquinha, sob condução da doutora em educação Fátima Marinho.

Simultaneamente, ocorre a exposição de indumentárias e acessórios do Caboclinho 7 Flexas, sob condução da bailarina e educadora indígena Íris Campos. Outros dois artistas visuais expõem trabalhos conectados à música: o ilustrador e chargista Thiago Lucas e o artista visual e produtor Toni Braga. À tarde estará presente o Cavalo Marinho Boi Pintado, grupo de brincantes populares originado na Zona da Mata pernambucana, representado por Andala Quituche e Mestre Grimário, iniciando às 13h.

O braço literário é movimentado pela leitura performática do livro Sambas sobre escombro pelo autor, poeta, músico e produtor cultural Philippe Wollney – acompanhado dos músicos Thiago Laranjeiras e Igo Holanda – e pelo lançamento do livro Ópera no Recife Vol. 2, da pesquisadora e produtora cultural Karuna de Paula e do maestro e compositor curitibano Sérgio Deslandes.

Terapêuticas

O festival terá ações terapêuticas com sessões de musicoterapia com Irene Travassos e o violonista e compositor Ugo Barra Limpa. “Queremos proporcionar uma experiência sensorial múltipla para o público do festival através de contatos distintos da forma de fazer música, seja com shows, atividades terapêuticas, leituras e vivência de grupos culturais”, acrescenta Rodrigo Silva.

O evento contará também com convidados como o Dr. Luiz Severo que fará o pré-lançamento de seu best-seller Você não precisa sentir dor!, a Associação Por Amor às Graças, o ator, bonequeiro e palhaço Fábio Caio, que proporcionará uma oficina de boneco de papel machê a partir das 15h e o grupo ‘Porãozinho dos Ventos – Espaço de Vida’ formado por jovens neuroatípicos que já se reúnem semanalmente no espaço onde realizam atividades artísticas e sustentáveis.

O festival ainda proporcionará a entrega do 1° Prêmio Personalidade Espiral, homenagem que a partir dessa edição, passa a reconhecer e divulgar publicamente, personalidades que vem contribuindo significativamente e de maneira relevante para o desenvolvimento da produção musical pernambucana.

O perfil social se prolonga à promoção de um curso gratuito em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos e Juventude do Recife, na semana anterior ao evento, de formação no trabalho de técnico de palco (roadie) para jovens em situação de vulnerabilidade social. As aulas se propõem a desvendar os bastidores de um setor em expansão – a montagem de evento – para qualificar os alunos e encurtar o percurso até a contratação pelo mercado. O festival tem apoio do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC), da Prefeitura do Recife.