Turnê ‘As V Estações’ revela histórias de amor dos legionários de Pernambuco

O espetáculo celebrou um repertório afetuoso, crítico e completamente atemporal

Turnê ‘As V Estações’ revela histórias de amor dos legionários de Pernambuco

Show da turnê ‘As V Estações’ no Classic Hall. Foto: Isabella Carneiro

Após três décadas, as canções dos álbuns As Quatro Estações (1989) e Legião Urbana V (1991) atravessam o tempo e vivem nos corações dos legionários – apelido dos fãs da Legião Urbana. E, nessa sexta-feira (9), foi possível constatar esse fato no último show, em terras pernambucanas, da turnê As V Estações, no Classic Hall, em Olinda, Região Metropolitana do Recife.

O espetáculo celebrou um repertório afetuoso, crítico e completamente, atemporal. Com o palco ainda escuro, André Frateschi assumiu sua posição e soltou as primeiras notas da música Há Tempos. A partir daí, a banda formada por Mauro Berman (direção musical, baixo e teclados), Lucas Vasconcellos (guitarra e violão), Pedro Augusto (teclados), Dado Villa-Lobos (vocal e guitarra) e Marcelo Bonfá (vocal e bateria), entoou os sucessos mais amados pelos legionários.

Durante a apresentação, o público cantou Tempo Perdido, Pais e Filhos, Monte Castelo, Dezesseis e Ainda É Tempo, entre outras composições feitas por Renato Russo (1960-1996), Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Ainda teve uma intervenção na canção Faroeste Caboclo, na qual André cantou Manguetown, em homenagem a Chico Science (1966-1997). Contudo, a música mais pedida foi Metal com as Nuvens, que encerrou o show que durou duas horas.

“Eu acredito que ele [Renato Russo] está feliz de ver suas músicas ecoando em tantas mentes e corações com tanto intensidade e paixão. Isso não é uma coisa corriqueira. Isso não é uma coisa normal. Hoje ele é raio, relâmpago e trovão. Viva a Renato Russo! Viva a Legião Urbana!”, disse André Frateschi, em sua despedida do público pernambucano.

Amor dos Legionários

Esse não foi o retorno da Legião Urbana, mas com certeza um momento histórico para fãs devotados ao legado musical deixado por Renato Russo, que morreu em 1996. O artista veio a óbito após contrair doença pulmonar obstrutiva crônica, septicemia e infecção urinária, que foram consequências da AIDS, após diagnóstico de soropositivo, em 1989.

A emoção tomou conta dos legionários que de deslocaram de vários lugares da Região Metropolitana do Recife para viver o último show da turnê no Classic Hall. O LeiaJá conversou com alguns desses fãs, que apesar de estarem distantes geograficamente, a relação com a banda Legião Urbana tem pontos de similaridade.

Nos relatos, as canções da banda foram trilhas sonoras importantes para momentos importantes da vida e ter esse momento de encontro com os integrantes da formação original – Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá – se tornou um presente para Alexciane Priscila, 38 anos.

Alexciane Priscila, 38 anos. Foto: Maya Santos/LeiaJá

“Ao resgatar as músicas eu me vi resgatando várias fases da minha vida. Essa última canção me deixou super emocionada e me lembrou um momento específico da vida. Estou saindo em êxtase! Legião faz parte da minha vida, as canções são trilha sonora de vários momentos marcantes da minha vida”, afirmou a fã, que mora em Vitória de Santo Antão, Zona da Mata de Pernambuco.

Além dela, o professor de matemática Cassio Santos, 35 anos, do Morro da Conceição, Zona Norte, destacou sua admiração pela sonoridade. “Desde 1998 que eu escuto e aí eu tenho banda, chamada Travadores, e já toquei cover, hoje em dia minha banda é autoral. Mas, assim, sempre que eles vem eu venho porque sou fã desde a minha infância”, disse o legionário.

Uma pessoa chamou a atenção da banda no momento em que uma blusa foi arremessada no palco. Na estampa, a imagem de Renato Russo revela a devoção do fã Luiz Fernando Calheiros, 47 anos, gritou seu amor pelo legado deixado pelo músico.

“Eu não tive a oportunidade de ver o último show da Legião Urbana aqui em Recife, que foi no Geraldão, em 1992. E de repente a gente perdeu o Renato. Daí ficou esse hiato, esse vácuo na vida da gente que não teve essa chance. E vem esses caras e resolvem se juntar de novo para proporcionar esse presente. E com um cara que é fã no vocal. É como se a gente estivesse no vocal com ele”, explicou o legionário, que acompanhou a banda desde a gênesis até o fim.

Casado com Ana Karina Soares, 46 anos, ambos levaram o amor pela banda para a formação da vida. Moradora do Cabo de Santo Agostinho, Karina explicou que os nomes dos filhos são inspirados na Legião Urbana.

“A gente passou por uma fase muito difícil, porque assim que eu tive meu primeiro filho eu engravidei logo do segundo. Daí, quando a gente descobriu que eu estava grávida, a gente escutou a música Pais e Filhos e no meio dela diz: ‘meu filho vai ter nome de santo’ e foi por isso que a gente botou o Rafael”, contou Karina, sobre o filho do meio.

Com Luiz, ela também teve Renato e Clarisse, este último nome título de uma canção do álbum Uma Outra Estação (1997). A história de amor desse casal, assim como os demais fãs, seguem com um selo de atemporalidade assim como as músicas escritas e cantadas pela Legião Urbana na turnê As V Estações.