Empreendedorismo junino: comerciantes faturam com venda de fogueiras no São João

No Recife, vendedores apostam na tradição das fogueiras para lucrar com as festividades juninas

Empreendedorismo junino: comerciantes faturam com venda de fogueiras no São João

Ronaldo dos Santos trabalha há cinco anos no comércio de fogueiras. (Foto: Júlio Gomes/LeiaJá)

“Anarriê, avancê, balancê!”. Expressões clássicas, elas fazem parte das tradições que rodeiam as festas celebradas em homenagem ao dia de São João Batista, conhecidas popularmente apenas como “São João”. Com a proximidade da data, é comum avistar ruas decoradas com bandeirinhas, fogueiras, escutar aquele forró pé de serra ecoando nas rádios, e encontrar pessoas vestidas com roupas tradicionais para época, os famosos trajes de “matuto e matuta”.

Como uma festividade que reúne milhões de pessoas, o São João é responsável, principalmente na região Nordeste, por movimentar boa parte do turismo e da economia local. De acordo com dados divulgados pela prefeitura de Caruaru, município do Agreste de Pernambuco e um dos principais polos de São João do Brasil, mais de 1,5 milhão de turistas estiveram na cidade durante o período junino de 2024. Além disso, houve uma ocupação de 100% da rede hoteleira local.

Integrados a essa movimentação, estão os empreendedores sazonais, ou seja, aqueles comerciantes ou prestadores de serviço que aproveitam determinadas temporadas anuais, como a junina, para empreender e tentar alavancar seus negócios. Além de se beneficiarem financeiramente, eles promovem o comércio da região e perpetuam os costumes e tradições da época, como é o caso, por exemplo, dos vendedores de fogueiras.

Vendedores de fogueira

Ronaldo dos Santos trabalha há cinco anos no comércio de fogueiras. Com o auxílio de Ninho, seu ajudante, ele monta modelos de tamanhos, preços e espessuras variados de fogueiras, e as expõe no bairro de Santo Amaro, localizado na Zona Norte do Recife. Esperançoso com o aumento das vendas no São João, ele conta que a ideia de comercializar as lenhas surgiu por causa da falta deste material em grande quantidade na capital pernambucana.

“Aqui na capital, é difícil de encontrar. Normalmente, você encontra no interior. Aí eu tive a ideia de começar a vender lenha, chamei o meu amigo Ninho, e nós começamos a vender, e deu certo. O primeiro ano, segundo, terceiro, quarto. Nós já estamos vendendo há cinco anos”, conta Ronaldo.

Também vendedora de fogueiras, Vanessa Maria aproveita esta época do ano para aumentar sua renda. Expondo o seu trabalho na calçada da Avenida Maurício de Nassau, uma das principais vias da Zona Oeste do Recife, a empreendedora conta que aguarda os clientes das 7h até às 20h.

“Trabalho vendendo fogueiras há seis anos, e nós começamos fazendo um teste. Colocamos uma madeirinha aqui, outra ali, e pensamos ‘bora investir, bora colocar mais’. Então, começamos a juntar mais lenha parta vender. Na verdade, gente junta o ano todinho para poder vender agora, porque não tem condições de juntar em cima da hora”, relata.

A comerciante, além das lenhas, aproveita o São João para vender outros artigos para os foliões juninos, como laços, traques de massa, estrelinhas e água mineral.

Vale a pena empreender com fogueira?

Com baixa nas vendas deste ano, Ronaldo revela que o movimento de compradores, até o momento, está fraco. À reportagem, o ambulante explicou que precisou diminuir o valor de suas fogueiras devido à falta de procura.

“Os outros anos foram bem melhores, vendíamos em torno de umas 100, 110, 120 fogueiras. Esse ano, está muito fraco. Geralmente, nós vendíamos cerca de 10 fogueiras por dia. Agora, conseguimos vender uma, duas e, no máximo, três. Esse ano, a gente desceu um pouco o preço. Estamos vendendo a R$ 70, R$ 60, porque se aumentar, não vai dar para vender, e a gente tem muita em estoque”, aponta o comerciante.

Por outro lado, Vanessa afirma que sempre lucrou bem com o seu comércio, e que normalmente consegue vender todas as fogueiras que expõe. Segundo a comerciante, uma boa estratégia para lucrar é montar a estrutura desde o começo do mês, para os clientes olharem e sentirem vontade de comprar.

“O lucro, para mim, sempre foi bom. Nunca teve período ruim. Nós sempre conseguimos vender tudo o que colocamos na pista. Normalmente, nós vendemos entre 40 a 50 fogueiras durante o São João. A gente vem colocando esse mês todinho [junho] para os clientes já saberem que tem, pesquisarem e depois começarem a buscar”, explica Vanessa.

Para este São João, as expectativas da venda de fogueiras são altas

No aguardo da véspera de São João, os empreendedores esperam, para não ficarem no prejuízo, aumentar as vendas e zerar o estoque das fogueiras, que já estão prontas e montadas para abrilhantarem o “arraiá” dos forrozeiros.

“Este ano, nós já vendemos em torno de 20 fogueiras. Normalmente, vendemos em torno de quatro, cinco. Mas o melhor movimento é na véspera de São João. Nossos planos são vender todas as fogueiras, mas seja o que Deus quiser”, finaliza Vanessa.