Confira 5 questões do Enem sobre Tiradentes e Inconfidência Mineira
As temáticas apareceram nos últimos anos na avaliação
abril 21, 2025 - 10:00 am

Foto: Júlio Gomes/LeiaJá
Nesta segunda-feira (21), comemora-se o Dia de Tiradentes e da Inconfidência Mineira, movimento separatista ocorrido no Brasil em 1789. A data consta no calendário nacional como feriado, instituído por meio de um decreto emitido em 1890 e reafirmado como feriado nacional por meio de uma lei de 2002. Tiradentes e pontos relacionados ao período histórico e artístico, como a escola literária Arcadismo, da época já foram temas de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
A seguir, confira quesitos do Enem que abordaram a temática:
Enem 2010 (Prova azul- questão 26)
I — Para consolidar-se como governo, a República precisava eliminar as arestas, conciliar-se com o passado monarquista, incorporar distintas vertentes do republicanismo. Tiradentes não deveria ser visto como herói republicano radical, mas sim como herói cívico-religioso, como mártir, integrador, portador da imagem do povo inteiro.
CARVALHO, J. M. C. A formação das almas: O imaginário da República no Brasil.
São Paulo: Companhia das Letras, 1990
I — Ei-lo, o gigante da praça, / O Cristo da multidão!
É Tiradentes quem passa / Deixem passar o Titão.
ALVES, C. Gonzaga ou a revolução de Minas. In: CARVALHO, J. M. C. A formação das almas.
O imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
A 1ª República brasileira, nos seus primórdios, precisava constituir uma figura heroica capaz de congregar diferenças e sustentar simbolicamente o novo regime. Optando pela figura de Tiradentes, deixou de lado figuras como Frei Caneca ou Bento Gonçalves. A transformação do inconfidente em herói nacional evidencia que o esforço de construção de um simbolismo por parte da República estava relacionado:
a. ao caráter nacionalista e republicano da Inconfidência, evidenciado nas ideias e na atuação de Tiradentes.
b. à identificação da Conjuração Mineira como o movimento precursor do positivismo brasileiro.
c. ao fato de a proclamação da República ter sido um movimento de poucas raízes populares, que precisava de legitimação.
d. à semelhança física entre Tiradentes e Jesus, que proporcionaria, a um povo católico como o brasileiro, uma fácil identificação.
e. ao fato de Frei Caneca e Bento Gonçalves terem liderado movimentos separatistas no Nordeste e no Sul do país.
Gabarito: C
Enem 2012 (Prova azul – questão 112)
Ai, palavras, ai, palavras
que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida
principia a vossa porta:
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota…
A liberdade das almas,
ai! Com letras se elabora…
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil, como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam…
MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 (fragmento).
O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no episódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão mais ampla sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem:
a. A força e a resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras.
b. As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu equilíbrio vinculado ao significado das palavras.
c. O significado dos nomes não expressa de forma justa e completa a grandeza da luta do homem pela vida.
d. Renovando o significado das palavras, o tempo permite às gerações perpetuar seus valores e suas crenças.
e. Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos.
Gabarito: B
Enem 2014 (Prova azul – questão 16)
Queijo de Minas vira patrimônio cultural brasileiro
O modo artesanal da fabricação do queijo em Minas Gerais foi registrado nesta quinta-feira (15) como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O veredicto foi dado em reunião do conselho realizada no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte. O presidente do Iphan e do conselho ressaltou que a técnica de fabricação artesanal do queijo está “inserida na cultura do que é ser mineiro”.
Folha de S. Paulo, 15 maio 2008
Entre os bens que compõem o patrimônio nacional, o que pertence à mesma categoria citada no texto está representado em:
a.

b.

c.

d.

e.

Gabarito: C
Enem 2017 (prova azul – questão 82)
O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez da figura do alferes Xavier o principal dos inconfidentes, e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem, decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patriotas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecadores de Israel, o que chorou de alegria quando viu comutada a pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser executada nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado, esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto que pagou por todos.
ASSIS, M. Gazeta de Notícias, n. 114, 24 abr. 1892.
No processo de transição para a República, a narrativa machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa:
a. redenção cristã e cultura cívica.
b. veneração aos santos e radicalismo militar.
c. apologia aos protestantes e culto ufanista.
d. tradição messiânica e tendência regionalista.
e. representação eclesiástica e dogmatismo ideológico.
Gabarito: A
Enem 2023 (prova azul – questão 29)
Era um gato preto, como convinha a um cultor das boas letras, que já lera Poe traduzido por Baudelaire. Preto e gordo. E lerdo. Tão gordo e lerdo que a certa altura observei que ia perdendo inteiramente as qualidades características da raça, que são em suma o ódio de morte aos ratos. Já nem os afugentava!
Os ratos de Ouro Preto são também dignos e solenes — não ria — tradicionalistas… descendentes de outros ratos que naqueles mesmos casarões presenciaram acontecimentos importantes da nossa história…
No sobrado do desembargador Tomás Antônio Gonzaga, imagine o senhor uma reunião dos sonhadores inconfidentes, com os antepassados daqueles ratos a passearem pelo sótão ou mesmo pelo assoalho por entre as pernas dos homens absortos na esperança da independência nacional!
E depois, os ancestres daqueles roedores que eu via agora deslizar sutilmente no meu quarto podiam ter subido pelo poste da ignomínia colonial, onde estava exposta a cabeça do Tiradentes! E quando as órbitas se descarnaram ignominiosamente, podiam até ter penetrado no recesso daquele crânio onde verdadeiramente ardera a literatura, com a simplicidade do heroísmo, a febre nacionalista…
ALPHONSUS, J. Contos e novelas. Rio de Janeiro: Imago; Brasília: INL, 1976.
Descrevendo seu gato, o narrador remete ao contexto e a protagonistas da Inconfidência para criar um efeito desconcertante centrado no:
a. desenho imaginativo do casario colonial de Ouro Preto.
b. efeito de apagamento de limites entre ficção e realidade.
c. vínculo estabelecido entre animais urbanos e literatura.
d. questionamento sutil quanto à sanidade dos inconfidentes.
e. contraste entre austeridade pomposa e imagem repugnante.
Gabarito: E