Confira 5 questões do Enem sobre Tiradentes e Inconfidência Mineira

As temáticas apareceram nos últimos anos na avaliação

Confira 5 questões do Enem sobre Tiradentes e Inconfidência Mineira

Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Nesta segunda-feira (21), comemora-se o Dia de Tiradentes e da Inconfidência Mineira, movimento separatista ocorrido no Brasil em 1789. A data consta no calendário nacional como feriado, instituído por meio de um decreto emitido em 1890 e reafirmado como feriado nacional por meio de uma lei de 2002. Tiradentes e pontos relacionados ao período histórico e artístico, como a escola literária Arcadismo, da época já foram temas de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A seguir, confira quesitos do Enem que abordaram a temática:

Enem 2010 (Prova azul- questão 26)

I — Para consolidar-se como governo, a República precisava eliminar as arestas, conciliar-se com o passado monarquista, incorporar distintas vertentes do republicanismo. Tiradentes não deveria ser visto como herói republicano radical, mas sim como herói cívico-religioso, como mártir, integrador, portador da imagem do povo inteiro.

CARVALHO, J. M. C. A formação das almas: O imaginário da República no Brasil.
São Paulo: Companhia das Letras, 1990

I — Ei-lo, o gigante da praça, / O Cristo da multidão!

É Tiradentes quem passa / Deixem passar o Titão.

ALVES, C. Gonzaga ou a revolução de Minas. In: CARVALHO, J. M. C. A formação das almas.
O imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

A 1ª República brasileira, nos seus primórdios, precisava constituir uma figura heroica capaz de congregar diferenças e sustentar simbolicamente o novo regime. Optando pela figura de Tiradentes, deixou de lado figuras como Frei Caneca ou Bento Gonçalves. A transformação do inconfidente em herói nacional evidencia que o esforço de construção de um simbolismo por parte da República estava relacionado:

a. ao caráter nacionalista e republicano da Inconfidência, evidenciado nas ideias e na atuação de Tiradentes.

b. à identificação da Conjuração Mineira como o movimento precursor do positivismo brasileiro.

c. ao fato de a proclamação da República ter sido um movimento de poucas raízes populares, que precisava de legitimação.

d. à semelhança física entre Tiradentes e Jesus, que proporcionaria, a um povo católico como o brasileiro, uma fácil identificação.

e. ao fato de Frei Caneca e Bento Gonçalves terem liderado movimentos separatistas no Nordeste e no Sul do país.

Gabarito: C

Enem 2012 (Prova azul – questão 112)

Ai, palavras, ai, palavras
que estranha potência a vossa!

Todo o sentido da vida
principia a vossa porta:
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota…

A liberdade das almas,
ai! Com letras se elabora…
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil, como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam…

MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 (fragmento).

O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no episódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão mais ampla sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem:

a. A força e a resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras.

b. As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu equilíbrio vinculado ao significado das palavras.

c. O significado dos nomes não expressa de forma justa e completa a grandeza da luta do homem pela vida.

d. Renovando o significado das palavras, o tempo permite às gerações perpetuar seus valores e suas crenças.

e. Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos.

Gabarito: B

Enem 2014 (Prova azul – questão 16)

Queijo de Minas vira patrimônio cultural brasileiro

O modo artesanal da fabricação do queijo em Minas Gerais foi registrado nesta quinta-feira (15) como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O veredicto foi dado em reunião do conselho realizada no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte. O presidente do Iphan e do conselho ressaltou que a técnica de fabricação artesanal do queijo está “inserida na cultura do que é ser mineiro”.

Folha de S. Paulo, 15 maio 2008

Entre os bens que compõem o patrimônio nacional, o que pertence à mesma categoria citada no texto está representado em:

a.

b.

c.

d.

e.

Gabarito: C

Enem 2017 (prova azul – questão 82)

O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez da figura do alferes Xavier o principal dos inconfidentes, e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem, decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patriotas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecadores de Israel, o que chorou de alegria quando viu comutada a pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser executada nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado, esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto que pagou por todos.

ASSIS, M. Gazeta de Notícias, n. 114, 24 abr. 1892.

No processo de transição para a República, a narrativa machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa:

a. redenção cristã e cultura cívica.

b. veneração aos santos e radicalismo militar.

c. apologia aos protestantes e culto ufanista.

d. tradição messiânica e tendência regionalista.

e. representação eclesiástica e dogmatismo ideológico.

Gabarito: A

Enem 2023 (prova azul – questão 29)

Era um gato preto, como convinha a um cultor das boas letras, que já lera Poe traduzido por Baudelaire. Preto e gordo. E lerdo. Tão gordo e lerdo que a certa altura observei que ia perdendo inteiramente as qualidades características da raça, que são em suma o ódio de morte aos ratos. Já nem os afugentava!

Os ratos de Ouro Preto são também dignos e solenes — não ria — tradicionalistas… descendentes de outros ratos que naqueles mesmos casarões presenciaram acontecimentos importantes da nossa história…

No sobrado do desembargador Tomás Antônio Gonzaga, imagine o senhor uma reunião dos sonhadores inconfidentes, com os antepassados daqueles ratos a passearem pelo sótão ou mesmo pelo assoalho por entre as pernas dos homens absortos na esperança da independência nacional!

E depois, os ancestres daqueles roedores que eu via agora deslizar sutilmente no meu quarto podiam ter subido pelo poste da ignomínia colonial, onde estava exposta a cabeça do Tiradentes! E quando as órbitas se descarnaram ignominiosamente, podiam até ter penetrado no recesso daquele crânio onde verdadeiramente ardera a literatura, com a simplicidade do heroísmo, a febre nacionalista…

ALPHONSUS, J. Contos e novelas. Rio de Janeiro: Imago; Brasília: INL, 1976.

Descrevendo seu gato, o narrador remete ao contexto e a protagonistas da Inconfidência para criar um efeito desconcertante centrado no:

a. desenho imaginativo do casario colonial de Ouro Preto.

b. efeito de apagamento de limites entre ficção e realidade.

c. vínculo estabelecido entre animais urbanos e literatura.

d. questionamento sutil quanto à sanidade dos inconfidentes.

e. contraste entre austeridade pomposa e imagem repugnante.

Gabarito: E