Universidades federais de Pernambuco apontam “colapso” e cobram recomposição orçamentária

Valores previstos na LOA de 2025 não são suficientes para a manutenção de contratos e demais demandas

Universidades federais de Pernambuco apontam “colapso” e cobram recomposição orçamentária

Reitores das Universidade Federais de Pernambuco. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Representante das universidades federais de Pernambuco se reuniram, na manhã desta terça-feira (15), para expor a situação orçamentária das instituições em 2025. Conforme dados apresentados pelos reitores, os valores previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) deste ano não são suficientes para a manutenção de contratos e demais demandas da comunidade acadêmica.

Segundo as universidades pernambucanas, a liberação atualizada da LOA é de 1/18 do orçamento, liberados de janeiro a maio. Inicialmente, era 1/12. “Em 2025, o orçamento da Universidade Federal de Pernambuco é de R$ 170 milhões. O orçamento da instituição, hoje, deveria ser, se aplicássemos a inflação do período, R$ 395 milhões. Mas, não é. Isso afeta o funcionamento das nossas instituições. Os R$ 8 milhões que perdemos, R$ 2,1 milhões são da assistência estudantil, R$ 4,6 milhões para o funcionamento da UFPE e R$ 1,3 milhão destinado a outras ações”, explica o reitor da UFPE, Alfredo Gomes.

Além disso, Gomes apresenta que a verba, para abril e maio, é R$ 10 milhões. O valor, segundo ele, é insuficiente. “Temos R$ 9 milhões em contratos e R$ 4 milhões a serem destinados à bolsas”, aponta. O reitor salienta que haverá cortes de contratos, contudo a assistência estudantil deve ser mantida, mesmo com atraso de pagamento.

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“Estamos devendo todos os contratos”

Pela LOA aprovada, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) contará com 69% dos recursos necessários para o funcionamento em 2025, segundo dados apresentados pela reitora Maria José de Sena. Em 2025, orçamento da UFRPE é de R$ 9,6 milhões. “Pela LOA aprovada, a UFRPE irá contar com 69% dos recursos necessários. Não tem condições nenhuma. Isso vai ameaçar a continuidade das nossas atividade”.

Maria José de Sena chama atenção sobre os impactos da redução orçamentária na assistência estudantil: “A questão dessa perda orçamentária está pegando a assistência estudantil. Não tem como nós gestores das universidades, que temos um recorte social, negligenciar isso. Essa assistência é responsável por manter esses estudantes nas universidades e não teremos como bancar”.

Além disso, a reitora expõe que, devido o déficit orçamentário, a UFRPE corre o risco de ter o fornecimento de energia suspenso. “Já fomos alertados desde fevereiro, pelo meu celular particular. Na verdade, somos cobrados o tempo inteiro. Nós estamos hoje no colapso. Nós estamos devendo todos os contratos. Estamos mantendo aqueles 45 dias de média. Hoje, a gente está mantendo, mas, daqui a dois meses, não conseguimos mais manter [a universidade]”, expõe.

Redução drástica nos investimentos

O reitor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Télio Nobre Leite, menciona a “redução drástica nos investimentos” da instituição. Leite citou que, em 2023, durante a transição de gestão, foi percebido um déficit de R$ 10 milhões “não só de contratos, como também despesas que deveriam ter sido pagas em anos anteriores, mas não foram pagas”.

Para arcar com todas as demandas financeiras e acadêmicas, o reitor da UNIVASF afirma que, além dos R$ 10 milhões, precisa de um orçamento superior a R$ 30 milhões. “No início de 2024, eu institui uma comissão que elaborasse um plano de contingenciamento, para estudar e avaliar todos os nossos contratos. A gente entra em 2025, reduzindo cerca de 35% desses contratos, com dedicação exclusiva de mão de obra, com proposta de redução de 10% dos contratos de serviço continuado, como água e energia, e a busca de tentar reduzir em 40% das demais despesas”.

Entre as medidas também adotadas pela UNIVASF, estão ações para aumentar a receita própria. “Nós temos espaços que alugamos para eventos, para determinadas atividades. A nossa proposta é aumentar o aluguel desses espaços”, conta Télio.

O cenário não é diferente na Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE). Criada em 2018, a instituição apresenta “um quadro mais agravante”, segundo o reitor Airon Aparecido de Melo. “Diferente de Petrolina [UNIVASF], não temos a possibilidade de cortar contratos. Nosso quadro de servidores para funcionar toda a universidade é de 150 pessoas. Boa parte do nosso serviço executado na UFAPE vem do orçamento discricionário. Não temos mais o que cortar. O nosso orçamento teve uma perda [2024-2025] de mais 4%”, lamenta Airon.

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