Professores acusam gestora de coação e assédio: “saí chorando”
A diretora da Escola Municipal Natividade Saldanha, em Jaboatão dos Guararapes, também é acusada de agredir um aluno do 8º ano
fevereiro 4, 2025 - 12:36 pm

Foto: Google Street View
Professores da Escola Municipal Natividade Saldanha, localizada em Jaboatão dos Guararapes, acusam a gestora de coação e assédio. Além disso, relatos ouvidos pelo LeiaJá, apontam que diretora da unidade, no cargo há três anos, já foi denunciada por agredir um aluno da instituição.
Ao LeiaJá, uma professora contou que os episódios de assédio iniciaram em abril de 2023. “Ela começou com uma conduta de barrar projeto. Eu esperava uma parceria da gestão, mas cheguei a ouvir um ‘se vira'”.
A docente expõe que era comum a realização de autoavaliações e que esse momento era marcado por constrangimentos. “Essa autoavaliação consiste na gente dar nota a pontos como assiduidade, comparecimento, entre outros. Sei o trabalho que fiz e faço, por isso, não daria uma nota baixa. O único nove que dei foi para a questão do preenchimento do diário online. Tenho muitas turmas e nem sempre conseguia atualizar tudo semanalmente. Ela gritou comigo. Essas coisas aconteciam na frente de toda equipe gestora. O constrangimento era tão grande que não conseguia me defender. Saí de lá chorando”.
À reportagem, a professora também apontou que a gestora “atacou todo mundo”. Ademais, em outras avaliações internas a conduta foi a mesma. “Houve outra avaliação no final do ano. Ela gritou e chegou a dizer que eu gostava de me exibir, devido aos meus projetos na escola. Na folha da avaliação, ele chegou a escrever as notas a lápis e eu me recusei a assinar. Pedi para que fosse escrito com caneta, ela o fez e, após isso, assinei.
Afastamentos e adoecimento mental
Outro professor, que faz parte do conselho na escola, também relata situações de coação durante a avaliação dos docentes. “Nessa avaliação, ele coloca o servidor com supervisora e secretária da escola. A gestora coloca nota baixa de modo a te constranger e desmerecer o trabalho. Com isso, podemos perder a gratificação”, frisa.
Ao LeiaJá, ele expõe que, além da violência verbal e psicológica sofrida pelos professores, a gestora é acusada de agredir um estudante do oitavo ano do ensino fundamental 2. “Ela foi abordar esse aluno após ver uma conversa dele com outra aluna, algo pessoal. Ela pegou o estudante pelos braços com bastante força. Ele chegou a relatar que ficou com marcas”, contou. O caso foi registrado na 2ª Delegacia de Crimes Contra Criança e Adolescente e Atos Infracionais – 2ª Dpccai.
Confira o processo:

O desgaste causado pelo comportamento da gestora tem acarretado afastamentos e adoecimento mental nos docentes da Escola Municipal Natividade Saldanha. “Estou em acompanhamento psicológico, muita gente está assim, e alguns estão afastados. Mesmo assim, a gestora coloca falta. Todos os nossos episódios de ansiedade começaram após essas condutas dela. Estamos recorrendo a medicações”, conta um dos professores.
Ainda segundo os docentes, os casos de coação e assédio foram levados aos Ministério Público de Pernambuco (MPPE), como também são de conhecimento da Secretaria de Educação de Jaboatão do Guararapes.
O que diz a prefeitura
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, por meio da assessoria de comunicação. Por meio de nota, a gestão, por meio da Secretaria de Educação, informou que tem conhecimento das denúncias envolvendo a gestora. “Os servidores da unidade de ensino foram acolhidos”, diz trecho do comunicado.
Além disso, afirma-se que a diretora da instituição será afastada por um período de 15 dias, “enquanto os fatos serão apurados pela Comissão Escolar e Pedagógica para que sejam tomadas as providências”.
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Veja a nota da prefeitura na íntegra:
A Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informa que tomou conhecimento das denúncias de assédio moral na Escola Municipal Natividade Saldanha. Os servidores da unidade de ensino foram acolhidos. A diretora da unidade escolar estará afastada por um período de 15 dias, enquanto os fatos serão apurados pela Comissão Escolar e Pedagógica, para que sejam tomadas as providências necessárias.
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