Às vésperas do Enem 2024, professora com três alunos nota mil revela apostas para o tema da Redação

Principal forma de ingresso nas universidades brasileiras, prova do Enem será iniciada no próximo domingo (3)

Às vésperas do Enem 2024, professora com três alunos nota mil revela apostas para o tema da Redação

Professora Ana Luíza Gilson faz suas apostas para a Redação do Enem 2024. (Foto: Divulgação)

No próximo domingo (3), mais de 4 milhões de estudantes devem iniciar uma das provas mais importantes do País. Porta de entrada para as principais universidades públicas do Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) cobrará questões de Linguagens e Ciências Humanas, além da tão aguardada Redação.

No que diz respeito à prova de Redação, na medida em que se aproxima a aplicação do Enem, aumenta a curiosidade de candidatos e professores em relação ao tema que será cobrado na edição 2024. Segundo a docente Ana Luíza Ramos, os estudantes devem se atentar aos eixos temáticos indicados no edital do Enem, uma vez que a definição do tema surge a partir deles.

“A cartilha de Redação é clara ao indicar quais são os eixos temáticos que podem ser trabalhados na hora do Exame. Alguns deles são educação, saúde, meio ambiente, direitos humanos e tecnologia. Portanto, o tema da Redação será referente a um dos eixos indicados pela organização do Enem. A principal dica é que o aluno esteja preparado para qualquer assunto, e isso só será possível se ele tiver um bom repertório sociocultural e se dominar as exigências das competências da Redação”, explica a professora. Ana Luíza é idealizadora do projeto “Poxa Lulu”, que soma mais de 120 mil seguidores no Instagram, e mais de 330 mil inscritos no YouTube.

Apostas

De acordo com a professora Ana Luíza, acertar, literalmente, o tema da Redação do Enem, é uma tarefa dificílima. “O que podemos fazer é analisar os últimos temas de prova para identificar um eixo temático que não foi abordado nos últimos anos. E claro, quando falo de apostas, não me refiro à adivinhação, nem à possibilidade de acertar literalmente o tema do Enem 2024, porque é uma missão quase impossível”, esclarece.

Sobre as suas apostas, a professora de Redação elencou alguns assuntos. Confira:

“Impactos da crise climática no Brasil” é um tema forte, haja vista as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no exterior acerca dessa pauta, bem como por causa dos acontecimentos recentes, como enchentes e ondas de calor.

“Desafios para regularizar os jogos de apostas online” é um outro tema relevante, pois o próprio presidente falou que acabaria com esses jogos caso o projeto de lei voltado à regulamentação não se fizesse eficiente.

“Caminhos para regulamentação do uso da inteligência artificial” é outra pauta em destaque, haja vista seus impactos no mercado de trabalho e na educação, bem como as discussões que envolvem essa questão em relação ao racismo e ao meio ambiente, pois apresenta disseminação de carbono pelo uso excessivo de energia.

“Desafios para combater o analfabetismo funcional” é uma outra questão que merece destaque, pois essa falha educacional ganha proporções significativas na sociedade, principalmente em redes sociais, uma vez que há propagação de notícias falsas e falta de interpretação textual.

O segundo dia de aplicações do Enem será em 10 de novembro. Na ocasião, serão realizadas as provas de Ciências da Natureza e Matemática.

Por meio do resultado do Enem, os estudantes podem ingressar nas principais universidades públicas através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Também é possível ocupar vagas pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), que oferece bolsas integrais e parciais em instituições de ensino privadas.

Alunos nota mil

Na prova de Redação do Enem 2023, dos 60 concorrentes que conquistaram a nota máxima, três são alunos da professora Ana Luíza: Heloísa Vitória Santos Silva, 20, Francisco Roney Sousa Coelho, 21, e Yasmin Raiana Viana dos Anjos, de 21 anos.

Yasmin Raina, por exemplo, cursa, atualmente, medicina na Universidade do Estado do Pará (UEPA). A jovem relembra como era a sua rotina de estudos e de que forma as aulas on-line da professora Ana Luíza contribuíram para a sua preparação. “Eu ia para uma biblioteca todos os dias. Chegava às 7h30, e depois ia para casa almoçar ao meio-dia. Depois, retornava às 14h e seguia estudando até 18h30. Na reta final, nos últimos meses, esse estudo se intensificou e, por isso, eu ficava estudando até 21h. Na época dos estudos, eu também comecei a pesquisar sobre Enem e sobre Redação no YouTube. Aí eu achei as aulas da professora Ana Luíza. Lembro muito bem que, várias vezes, eu lavava louça com o celular apoiado assistindo aos vídeos que agregaram muito em meus repertórios, até porque, naquela época, eu não sabia o que era uma redação de Enem. Maratonando no canal, eu pude ter uma noção do que eu precisava fazer”, conta a universitária.

Heloísa Vitória, aluna que também conquistou mil na Redação do Enem, disponibilizou o texto para consulta dos demais candidatos. Confira:

Na obra “Utopia”, de Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita e em harmonia, a qual é livre de conflitos e mazelas. Todavia, fora de ficção, a realidade contemporânea está distante disso, haja vista os desafios para enfrentar a invisibilidade do trabalho de cuidado exercido pela mulher no Brasil.

Percebe-se, a princípio, que o descaso estatal possui íntima relação com o revés. Nessa ótica, de acordo com o filósofo John Locke, configura-se como um rompimento um rompimento do Contrato Social, já que o Estado não cumpre com sua função de garantir que todos desfrutem de seus direitos. Assim, devido à débil ação do Poder Público é à insuficiência de legislações, os impasses para acabar com a invisibilidade vivenciada por aquelas que realizam o trabalho de cuidadoras, sejam elas babás, donas de casa ou empregadas domésticas, têm crescido cada vez mais no Brasil. Dessa forma, é inadmissível que esse cenário continue a perdurar.

Ressalta-se, ademais, a situação de vulnerabilidade em que diversas cuidadoras estão inseridas como impulsionadora do problema. Nesse contexto, segundo o escritor Ariano Suassuna, o Brasil é dividido em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos. Sob esse viés, grande parte dessas mulheres vivem em condições precárias, por isso, tendem a aceitar qualquer coisa e realizam até mesmo trabalhos sem remuneração; o que faz com que as dificuldades para enfrentar essa problemática aumentem e tornem essas mulheres cada dia mais invisíveis perante o corpo social. Destarte, é imprescindível que haja mudança.Infere-se, portanto, a necessidade de combater essa problemática no Brasil. Logo cabe ao Governo, como Ministério do Trabalho, desenvolver leis mais rígidas e projetos sociais, por meio de petições e da criação da campanha “Cuidar também é trabalhar”, a fim de vencer os impasses enfrentados pelas cidadãs que exercem a função de cuidadoras e garantir que passem a ser enxergadas e não sofram mais com a invisibilidade e desvalorização, Por conseguinte, uma sociedade mais próxima do que é citada em “Utopia” será consolidada.

*Da assessoria