Às vésperas do Enem 2024, professora com três alunos nota mil revela apostas para o tema da Redação
Principal forma de ingresso nas universidades brasileiras, prova do Enem será iniciada no próximo domingo (3)
outubro 31, 2024 - 4:04 pm

Professora Ana Luíza Gilson faz suas apostas para a Redação do Enem 2024. (Foto: Divulgação)
No próximo domingo (3), mais de 4 milhões de estudantes devem iniciar uma das provas mais importantes do País. Porta de entrada para as principais universidades públicas do Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) cobrará questões de Linguagens e Ciências Humanas, além da tão aguardada Redação.
No que diz respeito à prova de Redação, na medida em que se aproxima a aplicação do Enem, aumenta a curiosidade de candidatos e professores em relação ao tema que será cobrado na edição 2024. Segundo a docente Ana Luíza Ramos, os estudantes devem se atentar aos eixos temáticos indicados no edital do Enem, uma vez que a definição do tema surge a partir deles.
“A cartilha de Redação é clara ao indicar quais são os eixos temáticos que podem ser trabalhados na hora do Exame. Alguns deles são educação, saúde, meio ambiente, direitos humanos e tecnologia. Portanto, o tema da Redação será referente a um dos eixos indicados pela organização do Enem. A principal dica é que o aluno esteja preparado para qualquer assunto, e isso só será possível se ele tiver um bom repertório sociocultural e se dominar as exigências das competências da Redação”, explica a professora. Ana Luíza é idealizadora do projeto “Poxa Lulu”, que soma mais de 120 mil seguidores no Instagram, e mais de 330 mil inscritos no YouTube.
Apostas
De acordo com a professora Ana Luíza, acertar, literalmente, o tema da Redação do Enem, é uma tarefa dificílima. “O que podemos fazer é analisar os últimos temas de prova para identificar um eixo temático que não foi abordado nos últimos anos. E claro, quando falo de apostas, não me refiro à adivinhação, nem à possibilidade de acertar literalmente o tema do Enem 2024, porque é uma missão quase impossível”, esclarece.


Sobre as suas apostas, a professora de Redação elencou alguns assuntos. Confira:
“Impactos da crise climática no Brasil” é um tema forte, haja vista as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no exterior acerca dessa pauta, bem como por causa dos acontecimentos recentes, como enchentes e ondas de calor.
“Desafios para regularizar os jogos de apostas online” é um outro tema relevante, pois o próprio presidente falou que acabaria com esses jogos caso o projeto de lei voltado à regulamentação não se fizesse eficiente.
“Caminhos para regulamentação do uso da inteligência artificial” é outra pauta em destaque, haja vista seus impactos no mercado de trabalho e na educação, bem como as discussões que envolvem essa questão em relação ao racismo e ao meio ambiente, pois apresenta disseminação de carbono pelo uso excessivo de energia.
“Desafios para combater o analfabetismo funcional” é uma outra questão que merece destaque, pois essa falha educacional ganha proporções significativas na sociedade, principalmente em redes sociais, uma vez que há propagação de notícias falsas e falta de interpretação textual.
O segundo dia de aplicações do Enem será em 10 de novembro. Na ocasião, serão realizadas as provas de Ciências da Natureza e Matemática.
Por meio do resultado do Enem, os estudantes podem ingressar nas principais universidades públicas através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Também é possível ocupar vagas pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), que oferece bolsas integrais e parciais em instituições de ensino privadas.
Alunos nota mil
Na prova de Redação do Enem 2023, dos 60 concorrentes que conquistaram a nota máxima, três são alunos da professora Ana Luíza: Heloísa Vitória Santos Silva, 20, Francisco Roney Sousa Coelho, 21, e Yasmin Raiana Viana dos Anjos, de 21 anos.
Yasmin Raina, por exemplo, cursa, atualmente, medicina na Universidade do Estado do Pará (UEPA). A jovem relembra como era a sua rotina de estudos e de que forma as aulas on-line da professora Ana Luíza contribuíram para a sua preparação. “Eu ia para uma biblioteca todos os dias. Chegava às 7h30, e depois ia para casa almoçar ao meio-dia. Depois, retornava às 14h e seguia estudando até 18h30. Na reta final, nos últimos meses, esse estudo se intensificou e, por isso, eu ficava estudando até 21h. Na época dos estudos, eu também comecei a pesquisar sobre Enem e sobre Redação no YouTube. Aí eu achei as aulas da professora Ana Luíza. Lembro muito bem que, várias vezes, eu lavava louça com o celular apoiado assistindo aos vídeos que agregaram muito em meus repertórios, até porque, naquela época, eu não sabia o que era uma redação de Enem. Maratonando no canal, eu pude ter uma noção do que eu precisava fazer”, conta a universitária.
Heloísa Vitória, aluna que também conquistou mil na Redação do Enem, disponibilizou o texto para consulta dos demais candidatos. Confira:
Na obra “Utopia”, de Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita e em harmonia, a qual é livre de conflitos e mazelas. Todavia, fora de ficção, a realidade contemporânea está distante disso, haja vista os desafios para enfrentar a invisibilidade do trabalho de cuidado exercido pela mulher no Brasil.
Percebe-se, a princípio, que o descaso estatal possui íntima relação com o revés. Nessa ótica, de acordo com o filósofo John Locke, configura-se como um rompimento um rompimento do Contrato Social, já que o Estado não cumpre com sua função de garantir que todos desfrutem de seus direitos. Assim, devido à débil ação do Poder Público é à insuficiência de legislações, os impasses para acabar com a invisibilidade vivenciada por aquelas que realizam o trabalho de cuidadoras, sejam elas babás, donas de casa ou empregadas domésticas, têm crescido cada vez mais no Brasil. Dessa forma, é inadmissível que esse cenário continue a perdurar.
Ressalta-se, ademais, a situação de vulnerabilidade em que diversas cuidadoras estão inseridas como impulsionadora do problema. Nesse contexto, segundo o escritor Ariano Suassuna, o Brasil é dividido em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos. Sob esse viés, grande parte dessas mulheres vivem em condições precárias, por isso, tendem a aceitar qualquer coisa e realizam até mesmo trabalhos sem remuneração; o que faz com que as dificuldades para enfrentar essa problemática aumentem e tornem essas mulheres cada dia mais invisíveis perante o corpo social. Destarte, é imprescindível que haja mudança.Infere-se, portanto, a necessidade de combater essa problemática no Brasil. Logo cabe ao Governo, como Ministério do Trabalho, desenvolver leis mais rígidas e projetos sociais, por meio de petições e da criação da campanha “Cuidar também é trabalhar”, a fim de vencer os impasses enfrentados pelas cidadãs que exercem a função de cuidadoras e garantir que passem a ser enxergadas e não sofram mais com a invisibilidade e desvalorização, Por conseguinte, uma sociedade mais próxima do que é citada em “Utopia” será consolidada.
*Da assessoria