Dia Mundial do Rock: entenda a relação entre o Movimento Punk e a Ditadura Militar
A professora de história Thais Nunes lembra a atuação do Punk como forma de resistência contra o período de repressão
julho 13, 2024 - 1:02 pm

Banda Sex Pistols no Brasil. (Foto: Divulgação)
Derivado do Rock, o estilo Punk chegou ao Brasil no início da década de 1970. Propagando ideais antiproibicionistas, o movimento característico pela liberdade de expressão, tanto nas roupas e cabelos, quanto nas letras das músicas provocativas, logo se opôs à situação que o país vivia, de ditadura militar.
Neste 13 de julho, Dia Mundial do Rock, o LeiaJá convidou a professora de história Thaís Nunes para explicar a atuação desse movimento como forma de resistência nos anos de repressão.
“Se nos atentarmos ao período em que estamos nos referindo, falamos de um dos momentos mais pesados da ditadura militar brasileira, uma época em que já tínhamos o AI-5 e, fora ele, inúmeras supressões de direitos sociais, políticos e civis. E, então, com letras agressivas, questionamentos sobre o controle do Estado, a opressão aos trabalhadores e às populações periféricas, surge a expressividade do Punk”, explica a docente.
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Entenda a relação direta de oposição
Mesmo nos últimos anos da ditadura, o Brasil ainda sofria grande repressão, sobretudo com os movimentos artísticos, e não foi diferente com o Punk. Mas qual a ligação, de fato, desse estilo com o período militar?
“O Punk sempre teve uma postura de combate ao sistema, e quando o movimento começa a se estruturar no Brasil, nós estávamos em pleno Governo Médici, considerado por muitos o pior de todos. As características desse governo foram as grandes obras e as opressões à população, o que foi total ‘pano para manga’ para os questionamentos que o Punk trazia”, diz Thaís.
A resistência em forma de música
Para além do visual excêntrico, e por vezes até considerado agressivo, um estilo musical pesado e carregado de letras ácidas e provocativas também se perpetuou como uma maraca registrada do Punk.
Inspiradas pela influência de grupos como ‘The Ramones’ e ‘Sex Pistols’, surgem algumas bandas que atuaram diretamente como porta-vozes do movimento, lutando contra as construções não democráticas do governo vigente. A ‘Restos de Nada’, ‘Aborto Elétrico’, ‘Plebe Rude’ e ‘AI-5’ são grandes exemplos de resistência musical trazidas pelo Punk no Brasil.
Contemplando esse importante movimento artístico, pode-se afirmar que, independente do cenário atual, o Punk foi mais uma das grandes correntes de resistência de surgiram em oposição ao Regime Militar. “E há quem diga, ainda, que o sentimento de revolta, típico ao movimento nos EUA e na Inglaterra, acabou sendo muito mais à flor da pele por aqui, por causa desse contexto”, finaliza a professora Thaís.