Dia Mundial do Rock: entenda a relação entre o Movimento Punk e a Ditadura Militar

A professora de história Thais Nunes lembra a atuação do Punk como forma de resistência contra o período de repressão

Dia Mundial do Rock: entenda a relação entre o Movimento Punk e a Ditadura Militar

Banda Sex Pistols no Brasil. (Foto: Divulgação)

Derivado do Rock, o estilo Punk chegou ao Brasil no início da década de 1970. Propagando ideais antiproibicionistas, o movimento característico pela liberdade de expressão, tanto nas roupas e cabelos, quanto nas letras das músicas provocativas, logo se opôs à situação que o país vivia, de ditadura militar.

Neste 13 de julho, Dia Mundial do Rock, o LeiaJá convidou a professora de história Thaís Nunes para explicar a atuação desse movimento como forma de resistência nos anos de repressão.

“​Se nos atentarmos ao período em que estamos nos referindo, falamos de um dos momentos mais pesados da ditadura militar brasileira, uma época em que já tínhamos o AI-5 e, fora ele, inúmeras supressões de direitos sociais, políticos e civis. E, então, com letras agressivas, questionamentos sobre o controle do Estado, a opressão aos trabalhadores e às populações periféricas, surge a expressividade do Punk”, explica a docente.

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Entenda a relação direta de oposição

Mesmo nos últimos anos da ditadura, o Brasil ainda sofria grande repressão, sobretudo com os movimentos artísticos, e não foi diferente com o Punk. Mas qual a ligação, de fato, desse estilo com o período militar?

“O Punk sempre teve uma postura de combate ao sistema, e quando o movimento começa a se estruturar no Brasil, nós estávamos em pleno Governo Médici, considerado por muitos o pior de todos. As características desse governo foram as grandes obras e as opressões à população, o que foi total ‘pano para manga’ para os questionamentos que o Punk trazia”, diz Thaís.

A resistência em forma de música

Para além do visual excêntrico, e por vezes até considerado agressivo, um estilo musical pesado e carregado de letras ácidas e provocativas também se perpetuou como uma maraca registrada do Punk.

Inspiradas pela influência de grupos como ‘The Ramones’ e ‘Sex Pistols’, surgem algumas bandas que atuaram diretamente como porta-vozes do movimento, lutando contra as construções não democráticas do governo vigente. A ‘Restos de Nada’, ‘Aborto Elétrico’, ‘Plebe Rude’ e ‘AI-5’ são grandes exemplos de resistência musical trazidas pelo Punk no Brasil.

Contemplando esse importante movimento artístico, pode-se afirmar que, independente do cenário atual, o Punk foi mais uma das grandes correntes de resistência de surgiram em oposição ao Regime Militar. “E há quem diga, ainda, que o sentimento de revolta, típico ao movimento nos EUA e na Inglaterra, acabou sendo muito mais à flor da pele por aqui, por causa desse contexto”, finaliza a professora Thaís.

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