Confira livros essenciais para o aprendizado na infância
Saiba como a leitura influencia no desenvolvimento da criança e como tornar ela interessante para os pequenos através de práticas simples.
abril 18, 2024 - 9:47 am

(Foto: Freepik)
Os primeiros anos são muito importantes no desenvolvimento infantil, é o momento em que tudo ainda é novo e o aprendizado é estimulante. É nesse momento de crescimento que os livros podem protagonizar um papel didático significativo para a criança. Porém, os pais ou responsáveis podem ter dúvidas de como introduzir a leitura infantil para os pequenos.
Pensando nisso, o LeiaJá conversou com a professora Jéssica Mendes, graduada em Letras – Português e com pós graduação em Alfabetização e Letramento. Jéssica explica que a leitura tem um papel primordial no aprendizado das crianças por permitir que eles conheçam novos horizontes com outras realidades.
“Além disso, quem lê mais tende a ter um vocabulário maior, sabendo inclusive se expressar melhor. Claro que não é somente a leitura que vai expandir o vocabulário, tampouco garantir que a criança se expresse bem, mas é um dos fatores muito importantes. Além desse contato com novos mundos, a leitura é a base para a criança ter autonomia no estudo das outras disciplinas, inclusive da matemática, para compreender e interpretar os probleminhas e resolvê-los”, destaca a docente.
A gestora reforça que a incentivar e estimular a leitura é de extrema importância para o desenvolvimento da aprendizagem da criança. Nas escolas, ela é feita de forma sistematizada, com elementos de pré-leitura, como a criação de hipóteses a partir do título da obra, das imagens. São técnicas para estimular o conhecimento e curiosidade dos pequenos no momento prévio da leitura.
No momento pós-leitura, há a reflexão sobre a temática da obra, o trabalho com linguagem verbal e não verbal e possibilidades de recriação da história, etc. Além da escola, os pais ou responsáveis pelos mais jovens podem aproveitar o momento para colocá-los em contato com livros, para brincar e conhecê-los, como a textura e imagens.
“Por mais que a criança não saiba ler ainda, é muito interessante que ela já vai pegar o livro e ela vai fingir que está lendo. Ou melhor, para ela, ela está lendo. Ela não está decifrando o código, decifrando aquelas letras, mas ela está fazendo o movimento da leitura, de interpretação de mundo e de criação muita vezes da história. Esse contato com o livro e com as histórias é de uma grandiosidade e de uma potência para o aprendizado das crianças imensa”, comenta a gestora.
Para incentivar a leitura aos jovens, Mendes defende que não há nada melhor do que o exemplo. A obrigação nunca é interessante para as crianças, então os adultos devem deixar a leitura como um momento prazeroso. A professora indica alguns exercícios que os pais ou responsáveis podem praticar para tornar os livros como parte do dia a dia.
O primeiro conselho é deixar os livros à disposição das crianças, como em prateleiras baixas para que ele possa acessar sempre que a curiosidade e a vontade bater. Realizar leituras coletivas, em família, trazendo proximidade entre o ato de ler e a interação familiar. Conversar e perguntar sobre a leitura da criança, mesmo que ela ainda não consiga ler precisamente as letras, mas questionar o que se foi entendido através das imagens e sua própria interpretação da história.
Em caso de crianças já alfabetizadas, pode ser feitas leituras alternadas, em que um adulto lê uma página e a criança outra, até o fim da história. Além disso, visitar livrarias ou bibliotecas comunitárias e apresentar os diferentes tipos de obras, folhear as páginas e conhecer a variedade de história são estratégias interessantes.
Contudo, apesar de parecer simples, não é nada fácil fazer com que a criança já tenha o interesse na leitura. Neste momento, podem haver algumas dificuldades para os adultos. Jéssica Mendes aconselha que os responsáveis entrem em contato com a escola e os professores do pequeno e converse sobre a situação, para que possa haver um trabalho mútuo com o mesmo objetivo.
É preciso entender se é uma dificuldade normal para sua faixa etária ou não. Além de investigar qual a origem dessa dificuldade, se é algo relacionado ao processo de alfabetização e letramento ou na dificuldade de compreender a história. Ao entender melhor, é possível realizar um suporte escolar para trabalhar a leitura de forma positiva. Ainda neste ponto, é essencial que os adultos não menosprezem as obras além dos clássicos, como gibis ou mangás, o que atrai muitos jovens.
“Os adolescentes costumam ter um certo ranço com a leitura porque esperam que eles leiam já os clássicos da literatura, invalidam o mangá que a criança gosta ou a história em quadrinhos. A estimulação e o ensino devem ser compatíveis com potencial cerebral daquela criança, então eu acho muito importante começar com livros mais curtos, com mais imagens e menos textos, com temáticas atuais, interessantes, que fazem parte do universo das crianças, para depois estimular uma leitura mais complexa de obras mais longas. Também acho muito válido que os responsáveis peçam para que as crianças compartilhem sobre a obra que estão lendo e se interessem de fato pelo que a criança está falando”, diz a entrevistada.
Para tornar a leitura ainda mais próxima entre os familiares, os responsáveis devem pedir que as crianças compartilhem sobre o que estão lendo que e que haja um real interesse sobre o que está sendo dito. Não há dúvidas que a leitura infantil abre um novo mundo de possibilidades para a criança, com universos diferentes do que ela está inserido.
A gestora lembra que os livros estimulam a criatividade e impulsionam a curiosidade, porém, se estiver associada com um estímulo negativo, como castigo ou punição, a leitura pode se tornar um gatilho negativo e uma experiência traumática para criança. Assim, ela vai ler por obrigação e não por prazer, criando uma visão ruim da leitura. Quando isso acontece, é mais difícil quebrar a rejeição.
Confira, abaixo, uma lista de livros indicados pela professora Jéssica Mendes que ajudam a estimular a prática da leitura e o aprendizado na infância:
Lista de livros infantis
1. Todos são bem-vindos, de Alexandra Penfold.

“Esse livro mostra como a gente encontra tanta gente diferente, culturas diferentes, histórias diferentes no ambiente da escola. É maravilhoso para falar sobre a rotina de ir à escola e sobre diferentes composições familiares. Perfeito para trabalhar o respeito e o acolhimento na escola”, diz a professora.
2. Milo imagina o mundo, de Matt de la Peña.

“Nesse livro, o personagem está no metrô com sua irmã e ele desenha as histórias que imagina para as pessoas que entram e saem do vagão. Ao chegar ao destino, uma penitenciária em que a mãe estava, Milo acaba reimaginando todas as histórias, afinal, nem tudo é como parece”, conta Jéssica Mendes.
3. Olhe pela janela, de Katerina Gorelik.

“É um outro livro que nos leva a desmistificar imagens já construídas na nossa cabeça. Com ilustrações belíssimas, somos levados a olhar pela janela para imaginar e a adentrar à nova página para descobrir o que realmente há lá”, explica Mendes.
4. Amoras, de Emicida.

“É um livro para ler e reler para e com nossas crianças. Uma obra cheinha de referências para exaltarmos a beleza e a força de nossas crianças pretinhas”, diz Jéssica.
5. Pequenas Guerreiras, de Yaguarê Yamã.

“É uma obra repleta de referência a vocabulário e à cultura indígena, trazendo a força e a bravura das meninas guerreiras”, finaliza.