Fetiche vira negócio e promove experiência liberal para casais e solteiros no Recife
No espaço tudo é permitido desde que seja de forma consensual.
março 5, 2024 - 1:56 pm

Champagne Club. Foto: Divulgação
Com movimentação discreta, sem identificação na entrada no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, há quase cinco anos, funciona a Champagne Club. A casa reúne casais e solteiros em busca de experiências liberais, como swing e ménage. No espaço tudo é permitido, desde que seja de forma consensual.
Ao entrar no salão, que lembra uma boate, com pequenas mesas, bares e pista de dança, os clientes já não podem usar os celulares. Registros em foto ou vídeo não são permitidos na área interna do local. Todos os frequentadores, em sua maioria, casais, sabem e respeitam as regras da Champagne Club.

A casa funciona de quinta-feira a domingo, das 22h às 5h. No entanto, os primeiros clientes começam a chegar por volta entre 22h30 e 23h. Mas, é à meia-noite que o espaço se encontra mais lotado. Os valores cobrados pelo empreendimento variam de acordo com o público. Homens solteiros pagam mais caro, podendo chegar a desembolsar R$ 230.
Além do salão, a casa noturna conta com alguns quartos, sendo dois para solteiros e outro destinado a casais, e um “labirinto”. Nesse último, a iluminação é baixa e, em alguns pontos, inexistente. O espaço promove uma experiência sexual e sensorial para aqueles que entram.
Em pequenas cabines é possível interagir com o outro por meio do toque ou ser apenas voyeur, já que alguns lugares contam com uma janela que dá acesso à parte interna.


“Se você não tem uma cabeça liberal, você não vai conseguir ser um empreendedor liberal”
À frente do negócio está Neto Faraó, que há 25 anos é do meio liberal. Em entrevista ao LeiaJá, ele fala que a abertura do negócio foi, inicialmente, impulsionada por amigos. “Muitos amigos me indagavam muito, porque eu sempre fui muito correto, muito empreendedor, o porquê não abria uma casa [de swing], porque as casas que tinham aqui [Pernambuco] não estavam atendendo as demandas, as necessidades. Foi aí (sic) que resolvi a abrir a Champagne Club”, disse.
A casa foi pensada em 2018, mas só em 2019 que os planos foram concretizados. “Depois que abri [a casa], foi muito trabalho. Você tem que ser empreendedor, mas, no meio [liberal], isso só não basta. É preciso ter credibilidade, você tem que imaginar os desejos e as particularidades das pessoas”, observa Neto.
À reportagem, ele salienta que para abrir um negócio como a Champagne Club é preciso ser mais do que empreendedor:
“As pessoas que tentam abrir uma casa de swing que não são do meio [liberal], geralmente, é muito difícil de se manter. Se você não tem uma cabeça liberal, você não vai conseguir ser um empreendedor liberal”
‘Deus na frente’
Com capacidade para 340 pessoas, a Champagne Club costuma receber clientes que vão dos 20 aos 80 anos, segundo o dono. Para o funcionamento da casa, além do investimento financeiro, é preciso estar com as licenças e documentações exigidas validadas por órgão públicos. “O dono não se diverte, ele só trabalha. A diversão, praticamente, não acontece mais. Agora, é só trabalho e muito foco. Você precisa ter uma equipe pronta, trabalhando de forma coesa”, ressalta enquanto sinaliza que no celular não param de chegar mensagens.
Ao LeiaJá, Neto Faraó reforça que para gerir o negócio é preciso, além de equilíbrio, “força, foco e fé”. “Tudo é equilíbrio. Antes de mais nada, por incrível que pareça, você tem que ter um Deus muito presente na sua vida para que tudo que você faça dê certo. Seja em qualquer tipo de empreendimento, se Deus não estiver à frente, não gerir, não vai andar, não tem como”, reforça.
Em busca de outras experiências
Há cerca de dois anos, o Casal Delícia, como é conhecido no meio liberal, frequenta o Champagne Club. “É a nossa balada”, diz o marido. Casados e pais de dois filhos, eles contam que já era uma prática sair com outras mulheres. A iniciativa de conhecer a casa de swing partiu da esposa.
“Eu odeio rotina. Então, eu sugeri para a gente conhecer uma casa de swing. Ele ficou meio assustado de início. Pesquisei alguns lugares e viemos para cá. Na primeira vez, não fizemos nada. Apenas olhamos e fomos para casa. Com o tempo, começamos a fazer amizade. Hoje, a gente vem sempre”, relata.
À reportagem, a esposa ressalta alguns atributos da Champagne Club. “A casa preza muito pela segurança, discrição, a gente gosta muito. Nunca aconteceu de alguém usar o celular, tirar uma foto e os segurança sempre estão andando por aqui. Em muitas baladas, o pessoal vive fazendo story. Aqui, a gente aprendeu a curtir sem usar o celular”, finaliza.